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Quinto 'Sobrenatural' é boa estreia de Patrick Wilson na direção

'A Porta Vermelha' funciona enquanto uma máquina de sustos e risadas, mas perde o embalo na hora de explicar a história

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Sobrenatural: A Porta Vermelha

  • Quando Estreia nesta quinta (6) nos cinemas
  • Classificação 12 anos
  • Elenco Ty Simpkins, Patrick Wilson e Rose Byrne
  • Produção Estados Unidos, 2023
  • Direção Patrick Wilson

Antes de dar início ao universo "Invocação do Mal", que já rendeu oito filmes nos últimos dez anos, o diretor australiano James Wan foi responsável pelo maior susto da história do terror com "Sobrenatural". Em "Sobrenatural: A Porta Vermelha", quinta continuação da saga, é a vez do ator Patrick Wilson testar a cadeira de diretor.

A cena do demônio de rosto vermelho, que aparece por trás do personagem interpretado por Wilson no original, foi eleita como a mais assustadora do gênero por um estudo que acompanhou os batimentos cardíacos de cinquenta espectadores —de acordo com a pesquisa, o susto causou um pico recorde de 133 batidas por minuto.

Sobrenatural: A Porta Vermelha
Ty Simpkins em cena de ' Sobrenatural: A Porta Vermelha', de Patrick Wilson - Divulgação

Além de dirigir "Sobrenatural: A Porta Vermelha", Wilson também repete o papel do pai de família transtornado por entidades malignas, e já admitiu em entrevistas que nada irá superar o susto do primeiro filme, mas que tentou explorar elementos assustadores que fossem além do chamado "jumpscare" com o típico barulho repentino.

Para quem nunca viu nada da franquia, o roteirista Leigh Whannell —que é também ator e diretor— se inspirou no clássico "Poltergeist", de 1982, com o diferencial de mostrar como é o mundo dos espíritos.

No "Sobrenatural" original, de 2010, é o pequeno Dalton que fica preso no "além" e, com o auxílio de uma médium simpática, Josh tem de trazer o filho de volta. Já no segundo, de 2013, os papéis se invertem.

Em "A Porta Vermelha", Ty Simpkins retorna como Dalton, agora um jovem universitário com talento para as artes, além de Rose Byrne como Renai e de Lin Shaye como a sensitiva Elise. Nove anos depois dos acontecimentos do segundo capítulo de "Sobrenatural", a família Lambert ainda luta com os traumas do passado.

Logo após o funeral de sua mãe, Josh tenta consertar a relação estremecida com Dalton. Ambos sofrem com lacunas de memória e não lembram exatamente o que aconteceu há quase uma década, mas ainda sentem os efeitos psicológicos de todo o assombro. Durante uma aula de desenho, Dalton acaba desbloqueando seu subconsciente e o antigo demônio ressurge em suas vidas.

Wilson começou sua carreira em musicais da Broadway e teve a sua estreia na frente das câmeras como o mórmon da premiada minissérie "Anjos na América", mas acabou virando uma espécie de muso inspirador de James Wan e encarnou até o vilão de "Aquaman", dirigido por Wan.

Como diretor, Wilson também mostra promessa.

Há, sim, sustos de fazer o espectador pular da cadeira —um, em especial, envolve um exame de ressonância magnética, o que já é horripilante por conta própria—, mas Wilson é ainda mais eficaz ao criar tensão com figuras desfocadas que se aproximam em segundo plano. Há cenas que remetem a "Corrente do Mal", de 2014, como se Josh estivesse sendo seguido por uma persistente alma penada.

Na primeira metade, "A Porta Vermelha" emenda um susto atrás do outro, ditando um ritmo perturbador com os ocasionais alívios cômicos que são próprios da franquia. Mas o filme perde parte do embalo a medida que os personagens começam a buscar respostas para entender o que estão vivenciando, porque aí a tensão dá lugar à exposição.

Mesmo assim, há algo de poético em trazer as memórias suprimidas à tona por meio da arte e, sem querer, abrir um portal para uma miríade de tormentos que, assim como os nossos traumas e os nossos piores erros, devem ser armazenados em um local apropriado, mas nunca totalmente esquecidos.

A arte, afinal, também precisa do feio, do desprezível, do aterrorizante —para que o retrato dos nossos impulsos mais baixos possam nos servir de aviso futuro, para que o passado não se repita. Como bem disse o diretor alemão Werner Herzog sobre o seu vício em realities shows: "o poeta não deve desviar os olhos".

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