Descrição de chapéu
Filmes

'Shin Kamen Rider' une ação e tom intimista nos 50 anos da franquia

Filme traz cortes secos e lutas cheias de saltos para manter o espectador em constante tensão

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Marcelo Miranda

Shin Kamen Rider

Ao longo dos últimos 50 anos, "Kamen Rider" se tornou uma das franquias de super-herói mais longevas da cultura pop japonesa. Somam-se até agora 38 seriados na TV, com mais de 1.150 episódios exibidos; 75 longas-metragens lançados nos cinemas locais; e dezenas de telefilmes, mangás, clipes, webséries, musicais de teatro e todo tipo imaginável de produto e badulaque licenciado pela Toei Company.

A celebração do cinquentenário da franquia, em 2021, teve minissérie e anime, mas só se concluiu de fato agora em 2023, no lançamento da superprodução de cinema "Shin Kamen Rider".

Cena de 'Shin Kamen Rider', filme de Hideaki Anno
Cena de 'Shin Kamen Rider', filme de Hideaki Anno - Divulgação

O filme, dirigido pelo cultuado Hideaki Anno, criador de outra franquia fortíssima do Japão, "Neon Genesis Evangelion", deveria ter ficado pronto há dois anos, mas sofreu atrasos por conta da pandemia. Foi lançado no circuito japonês em março, inclusive em formato IMAX, e chegou ao Brasil diretamente por streaming pelo Prime Video no último dia 21 de julho.

Apesar dos números superlativos e de milhares de fãs pelo mundo, "Kamen Rider" é um fenômeno quase estritamente asiático. No Brasil, foram exibidas apenas duas séries na TV aberta, em 1991 e 1995, pela extinta Rede Manchete: "Kamen Rider Black", original de 1987 com 51 episódios; e sua sequência, "Kamen Rider Black RX", de 1988, com 47 episódios.

Atualmente há várias temporadas modernas do personagem disponíveis no mesmo Prime Video em que está "Shin Kamen Raider".

O novo filme – apenas encontrado na busca da plataforma como "Shin Masked Rider", nome internacional da produção – retoma o Kamen Rider original criado pelo multiartista Shotaro Ishinomori. É ao mesmo tempo uma adaptação e um remake da primeira série, lançada no Japão em 1971 na televisão e nos quadrinhos.

No enredo, o jovem Takeshi Hongo, interpretado agora por Sosuke Ikematsu, sofre experiências genéticas e se torna o híbrido de humano e gafanhoto.

Cena de 'Shin Kamen Rider', filme de Hideaki Anno
Cena de 'Shin Kamen Rider', filme de Hideaki Anno - Divulgação

Ele ganha poderes especiais, resistência, agilidade e vários recursos de batalha na máscara e na motocicleta que usa. Movido por uma energia vital denominada prana, Takeshi adota o nome de Motoqueiro Mascarado (tradução do japonês para "Kamen Raidā") e enfrenta a organização Shocker, cujo objetivo é literalmente extirpar a infelicidade do mundo, nem que seja à base de extermínio em massa e eugenia.

O rapaz acompanha a cientista Ruriko Midorikawa, vivida pela atriz Minami Hamabe, que o conduz aos meandros do grupo terrorista a ser combatido.

O filme se integra ao projeto de um consórcio de produtoras nipônicas, entre elas a Toei, a Toho e a Tsuburaya, para redefinir franquias clássicas de tokusatsu – denominação japonesa a filmes ou séries que utilizam muitos efeitos especiais – sob novas abordagens e com maior atenção ao mercado internacional.

Hideaki Anno é o principal nome na condução da iniciativa. Foi codiretor de "Shin Gojira" em 2016, numa releitura do monstro Godzilla, e roteirista de "Shin Ultraman" em 2022, sob direção de Shinji Higuchi.

Em "Shin Kamen Raider", Anno segue a estética caótica dos tokusatsu de heróis terrestres que encaram hordas de inimigos, com cortes secos, dinamismo de movimento, lutas cheias de saltos e cambalhotas, trocas repentinas de cenário e muitos closes.

A isso o diretor integra o ritmo dos filmes de herói da última década e faz um misto de anacronismo e modernidade que mantém o espectador em constante tensão, já que a ação quase nunca para e até os diálogos expositivos são carregados de urgência.

Diferente de boa parte das produções similares do Ocidente, especialmente Marvel e afins, "Shin Kamen Raider" se desprende da formalidade narrativa e opta por expor a dramaticidade dos conflitos e seus efeitos emocionais através de sequências da mais genuína imaginação e saturação visual e sonora.

É uma relação muito espontânea com as possibilidades de uma ficção desse tipo, algo bem comum no cinema comercial asiático, como também visto por muita gente no indiano "RRR – Revolta, Rebelião, Revolução", de 2022.

Por essa efervescência "Shin Kamen Rider" transita com desenvoltura, indo da violência cartunesca de golpes superpoderosos típicos dos tokusatsu à interessante relação entre dor e felicidade, mote da trama que se liga diretamente ao restante da obra de Hideaki Anno. O hibridismo imposto ao personagem se conecta ao caldeirão proposto pelo filme, o que amplia o impacto de ambos.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.