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Filme da turnê de Taylor Swift, que já estreou nos EUA, pode salvar ano nos cinemas

'Taylor Swift: The Eras Tour' deve arrecadar cerca de R$ 1,2 bilhão nas bilheterias dos cinemas só da América do Norte

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Londres, Los Angeles e Nova York | Financial Times

Os filmes de duas turnês de sucesso estão proporcionando um impulso a um ano difícil de greves em Hollywood.

Em maio, Scott Swift, pai de Taylor Swift, ligou para seu amigo Joe Kernen, um veterano âncora da CNBC, com um dilema. A primeira etapa da turnê "Eras" de sua filha, uma estrela pop que quebrou recordes com 52 shows nos Estados Unidos, estava a todo vapor, caminhando para uma receita global de US$ 1,5 bilhão.

A equipe de gerenciamento de Swift, no entanto, estava tendo dificuldades em encontrar um distribuidor de Hollywood adequado para um filme sobre o show, que teve sua premiere nesta quarta-feira (11) nos Estados Unidos —e que também será exibido nos cinemas do Brasil a partir de 3 de novembro, com ingressos que chegam a custar R$ 130.

A cantora Taylor Swift - Reuters

A equipe de Swift queria um lançamento rápido para satisfazer a demanda insaciável de seus fãs, mas o estúdio de Hollywood, que se movia lentamente, sugeriu datas para 2025. Kernen pôs o pai de Swift em contato com Adam Aron, CEO da rede americana de cinemas AMC.

Então, um acordo improvável nasceu entre a segunda artista pop mais ouvida do mundo e a maior exibidora de cinema dos Estados Unidos, que lançará o filme de 160 minutos de Swift em quase 4.000 cinemas na América do Norte e em mais outros milhares ao redor do planeta a partir da próxima semana.

Enquanto os operadores de cinema enfrentam uma temporada de inverno escassa, prejudicada pela greve do sindicato que impede os atores de promoverem filmes e levou a adiamentos de grandes lançamentos, o filme da turnê de Swift proporcionará um impulso financeiro.

"Taylor Swift: The Eras Tour" já vendeu mais de US$ 100 milhões em ingressos em todo o mundo, de acordo com a AMC. O filme deve arrecadar cerca de US$ 240 milhões, ou R$ 1,2 bilhão, só na América do Norte, o que o classifica entre os dez filmes de melhor desempenho do ano, de acordo com a consultoria de bilheteria Cinelytic.

Na semana passada, Beyoncé também anunciou que fechou um acordo com a AMC para levar seu filme da turnê "Renaissance" às telas em dezembro. Tim Richards, CEO da rede de cinemas europeia Vue, disse que os filmes de turnê "surgiram do nada e serão uma grande tábua de salvação para as redes de cinema", enquanto a indústria lida com "um outono mais fraco do que o usual" devido às greves.

A Cinemark, a terceira maior rede de cinemas dos Estados Unidos, afirmou nesta semana que as pré-vendas estavam dez vezes maiores do que para qualquer exibição de eventos anterior. Adam Aron, da AMC, usou o filme de Swift para mobilizar o exército de investidores de varejo de sua rede, publicando no X, o antigo Twitter, que era "um desenvolvimento monumental para a empresa" —ainda que o preço das ações da AMC esteja 34% menor do que quando o filme foi anunciado, no final de agosto.

O poder de atração de Swift para seus fãs é tão grande que o produtor de "O Exorcista: Crente", de Jason Blum, disse que foi obrigado a antecipar a data de estreia de seu filme em uma semana para evitar um choque com a data de lançamento de Swift.

"O quarto trimestre parecia um pouco fraco, mas os fãs de Swift nos ajudaram", disse Michael Kustermann, CEO da Alamo Drafthouse Cinema, sediada no estado americano do Texas. "Eu me pergunto qual é a longevidade em termos de artistas que podem gerar buzz como Beyoncé e Taylor."

Enquanto alguns executivos de cinema têm falado sobre as perspectivas de longo prazo para o cinema baseado em eventos, outros especialistas e executivos de Hollywood são mais cautelosos quanto às chances de outros grandes músicos anunciarem lançamentos de filmes de shows nos cinemas em breve.

Apesar do sucesso do duplo lançamento de "Barbie" e "Oppenheimer" durante o verão do hemisfério norte, a bilheteria global dos cinemas neste ano, excluindo a China, deve ficar 21% abaixo dos US$ 33 bilhões arrecadados em 2019, antes da pandemia, de acordo com projeções da empresa de pesquisa Gower Street Analytics.

Paul Dergarabedian, analista sênior de mídia da Comscore, disse que o lançamento de Swift marca uma "mudança radical" em relação à forma tradicional de lançamento de filmes. A cantora receberá uma parte maior das receitas de bilheteria em relação aos estúdios que lançam longas-metragens tradicionais, apurou o jornal Finacial Times.

Mas Dergarabedian disse que "apenas um artista dessa magnitude" poderia dispensar os orçamentos de marketing multimilionários dos estúdios de Hollywood em favor de "ir diretamente ao consumidor por meio das redes sociais". Além disso, as greves de Hollywood significaram pouca concorrência para o filme nos cinemas.

O filme, que foi gravado ao longo de três noites no SoFi Stadium de Los Angeles, está sendo distribuído internacionalmente pela empresa londrina Trafalgar Releasing. Há negociações em andamento para que ele seja lançado na China por meio de um distribuidor local.

"Quem são os outros artistas que podem fazer isso?", perguntou Michael Sukin, um advogado de música veterano que representou os Rolling Stones e o espólio de Elvis Presley. A única comparação histórica pode ser "Help", o filme lançado pelos Beatles em 1965, disse Sukin. "Os Beatles eram maiores do que Deus. Eu não consigo pensar em outro exemplo."

A demanda pela turnê de Swift superou em muito a oferta —3,5 milhões de fãs se cadastraram para a pré-venda para garantir ingressos para um total de 2,6 milhões de assentos disponíveis nos estádios dos Estados Unidos.

Um executivo da indústria de cinema disse que Swift, com seus 274 milhões de seguidores no Instagram, é um "unicórnio" e "não representa um padrão de como os filmes de shows em geral podem se sair".

O executivo, que pediu para manter seu anonimato, acrescentou que o otimismo de Aron, da AMC, em relação ao filme faz parte do modelo de negócios da empresa "para continuar tendo novidades que ele pode convencer seu seguidores de varejo de que vão mudar o negócio para sempre, mas eles não vão".

Um porta-voz da AMC disse que a rede está investindo em filmes de shows "porque eles são empolgantes para milhões de nossos clientes e bastante lucrativos".

Uma resolução para a greve de atores, que já dura mais de 80 dias, seria um grande impulso para a indústria cinematográfica, segundo executivos do setor. No final de setembro, o Sindicato dos Roteiristas votou pelo fim de sua greve após chegar a um acordo provisório com os estúdios de cinema sobre questões como o uso de inteligência artificial no desenvolvimento de roteiros.

Taylor Swift, que é afiliada ao sindicato dos atores, fechou um acordo com a instituição para permitir o lançamento de seu filme durante a greve.

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