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Roteiristas de Hollywood aprovam acordo com estúdios e encerram a greve

Comitê autoriza retomada das atividades após aceitar proposta dos estúdios e termina paralisação, uma das maiores do grupo

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São Paulo

O sindicato de roteiristas de Hollywood, o WGA, oficializou nesta terça-feira o fim da greve da categoria nos Estados Unidos. O grupo aprovou a oferta feita pela aliança de produtores da indústria, a AMPTP, no último domingo. A paralisação foi encerrada na virada de terça para esta quarta-feira.

A decisão encerra uma das maiores paralisações feitas na história do sindicato. A greve só perde em duração para a organizada há 35 anos, quando os roteiristas interromperam atividades por 153 dias consecutivos. A deste ano durou 148.

Membros do sindicato de roteiristas de Hollywood protestam em Los Angeles, nos Estados Unidos - Mario Anzuoni/REUTERS

Mas o momento de turbulência na indústria ainda deve durar. O sindicato de atores, o SAG, continua a manter paralisada as atividades da categoria nos Estados Unidos. O grupo entrou em greve em julho.

O acordo final do WGA ficou na faixa dos US$ 233 milhões, acima dos US$ 86 milhões que foram oferecidos a princípio pela AMPTP nas negociações.

Com a votação unânime a favor da proposta, os membros estão autorizados pelo sindicato a retomar atividades. No domingo, o sindicato descreveu o acordo como "excepcional", com "ganhos e proteções significativas aos escritores".

Entre as mudanças, os roteiristas terão acesso ao número de horas vistas por usuários de séries produzidas pelas plataformas de streaming que são parte da AMPTP.

A métrica estabelece um sistema de bônus aos roteiristas que é proporcional à audiência obtida. Até então, o pagamento pelos roteiros era feito antes e não fazia diferença se o programa era um sucesso.

O sindicato também poderá compartilhar essas informações com o público, e o acesso vale para produções feitas em todo o mundo —desde que produzidas inteiramente pelas plataformas.

Para os serviços de streaming, essa resolução abre um novo momento no mercado. Com cláusulas trabalhistas claras, as plataformas agora terão de trabalhar com expectativas realistas de audiência. Até então, só as empresas donas dos serviços tinham acesso a esses dados e podiam decidir que partes disponibilizar ao público —e aos investidores.

Mas a maior vitória do sindicato foi no uso de inteligência artificial na parte criativa. A tecnologia, motivo de preocupação da categoria, foi um dos principais pilares da greve.

O novo contrato prevê que estúdios e serviços de streaming são agora obrigados a informar os roteiristas quando for decidido o uso da tecnologia, tanto para criação quanto para ajustes no texto. As companhias também estão proibidas de obrigar os trabalhadores a usar a ferramenta.

O sindicato também pode proibir a qualquer momento o uso da tecnologia, e textos de robôs não serão considerados válidos para definir a autoria do texto escrito —e a quem pertence os direitos autorais.

Essas cláusulas atendem a todas as demandas originais do sindicato. É a única parte do contrato que a AMPTP atendeu de maneira integral.

O acordo prevê ainda um número mínimo de pessoas nas salas de roteiristas de TV, proporcional à duração das temporadas, e um novo aumento nos salários, que chega a 5% para contratos de três anos.

Apesar do fim da greve dos roteiristas, Hollywood deve continuar sendo afetada pela manifestação dos atores e os efeitos das paralisações em toda a cadeia de produção.

A Warner Bros. Discovery, por exemplo, confirmou uma queda de R$ 300 milhões a R$ 500 milhões nas projeções de lucros para o fim do ano fiscal de 2023 em decorrência da greve. O estúdio também adiou para 2024 o lançamento de "Duna: Parte Dois", previsto até então para outubro.

Na TV, as greves mexeram no calendário de estreias de fim de ano das emissoras e dos streamings. Com atrasos nas filmagens de projetos de ficção, o último trimestre de 2023, o mais popular para lançamentos na grade americana, será dominado por realities e programas não roteirizados.

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