Governo barra leilão de Emanoel Araújo, mas não tem R$ 30 mi para comprar acervo

Coleção é oferecida a R$ 30 milhões e, se nenhuma instituição adquiri-la neste sábado, ela será dividida em lotes

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Neste sábado (28), será decidido se os objetos históricos e as obras de arte que compõem a coleção deixada por Emanoel Araújo serão vendidos juntos a uma só instituição ou se serão leiloados separadamente para diferentes interessados.

Joia de crioula; pulseira de balangandãs em ouro com 33 berloques, que fez parte da coleção de Emanoel Araújo
Joia de crioula; pulseira de balangandãs em ouro com 33 berloques, que fez parte da coleção de Emanoel Araújo - Daniel Rutkauska e Ricardo Rutkauska

"Após conversas com os herdeiros e advogados, chegamos a conclusão que a vontade geral é vender a coleção completa, para mantê-la unida", diz Jones Bergamin, diretor da casa de leilões Bolsa de Arte, responsável pela venda.

Porém, se não ocorrerem lances de compradores interessados na coleção completa neste sábado (28), os objetos serão vendidos em lotes separados —o que, segundo Bergamin, permitiria a inclusão de museus nas negociações.

"Não há museu que possa desembolsar R$ 30 milhões. Até agora, tenho instituições e fundações interessadas", diz o leiloeiro. O valor refere-se a coleção completa.

Em setembro, o Ibram pediu pela paralisação do leilão para que fosse cumprida a lei que determina a preferência dos museus sob a alçada do órgão federal em adquirir obras em casos de venda judicial ou leilão de bens culturais.

"O pedido foi para que os museus pudessem se manifestar e verificar se tem recursos. Não fazemos a verificação se os museus tem ou não o dinheiro", diz Mirela Araújo, diretora de Processos Museais do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).

Mas, segundo ela, os museus não tem os recursos necessários para a compra da coleção completa. O Ibram é responsável por gerenciar e repassar recursos do governo federal aos museus. "Esse desejo de vender o lote inteiro é complicado."

Caso as peças sejam vendidas em lotes, Araújo concorda que haverá mais possibilidade dos 30 museus na alçada do Ibram participarem da negociação, não só pelos recursos financeiros, mas também pela diversificação dos interesses sobre as obras.

"Cada museu e colecionador têm necessidades específicas. Alguns têm interesse em arte sacra, outros em joalheria, outros em tipologia, por exemplo."

0
O artista plástico e diretor curador do Museu Afro Brasil Emanoel Araújo, em sua casa no bairro Bela Vista, em São Paulo, em 2012 - Eduardo Knapp/Folhapress

O acervo deixado por Emanoel Araújo inclui mais de 5.000 peças, entre relíquias do barroco até joalheria brasileira. Alguns imóveis localizados no bairro do Bexiga, deixados pelo artista, também estão incluídos nesse primeiro lote, segundo Bergamin, o leiloeiro.

Após as vendas, os fundos serão destinados aos oito irmãos de Araújo e a quatro de seus funcionários, conforme o artista pediu em seu testamento. Em entrevista, Emanoel Araújo afirmou que gostaria que sua coleção pessoal tivesse um destino público.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.