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Malandragem carioca no tempo do rei guia 'Memórias de um Sargento de Milícias'

Com humor e linguagem coloquial, Manuel Antônio de Almeida escreveu sobre tipos do Rio de Janeiro

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Porto Alegre

O tempo da história é aquele em que "uma noite de luar era muito aproveitada". "Ninguém ficava em casa; os que não saíam a passeio sentavam-se em esteiras às portas", conta o narrador de "Memórias de um Sargento de Milícias", de Manuel Antônio de Almeida.

Ilustração de Francisco Acquarone para edição do livro 'Memórias de um Sargento de Milícias', de Manuel Antônio de Almeida
Ilustração de Francisco Acquarone para edição do livro 'Memórias de um Sargento de Milícias', de Manuel Antônio de Almeida - Divulgação

A paisagem daquele Rio de Janeiro soa idílica, perfeita para uma história típica do romantismo literário da época. Mas não é o que o autor Manuel Antônio de Almeida constrói na sua obra. Usando humor e linguagem coloquial, ele traça um panorama dos tipos sociais do "tempo do rei". Entre eles, o do malandro.

A malandragem é encarnada pelo protagonista Leonardo. "Nasce malandro feito, como se se tratasse de uma qualidade essencial, não um atributo adquirido por força das circunstâncias", escreveu o crítico Antonio Candido no seu clássico ensaio "Dialética da Malandragem".

Publicada como folhetim entre 1852 e 1853, o livro integra a Coleção Folha Clássicos da Literatura Luso-Brasileira, em volume que chega às bancas no domingo (12).

Leonardo é abandonado pelos pais após a infidelidade da mãe, que abandona o Brasil para voltar a Portugal com o amante. "Foram saudades da terra", diz, irônico, o compadre do casal. É ele quem assume a criação do menino. "O menino tinha a bossa da desenvoltura, e isto, junto com as vontades que lhe fazia o padrinho, dava em resultado a mais refinada má-criação que se pode imaginar", diz o narrador.

A obra toca em diferentes temas sociais da época, como a intolerância religiosa. Os rituais afro-brasileiros eram perseguidos pela força policial e acabavam em prisão. Além disso, havia grupos de ciganos que montavam acampamentos e eram discriminados por seus costumes. Os escravizados não têm voz no livro, mas sua revolta aparece quando comemoram a morte do senhor da casa.

O narrador mantém uma conversa com o leitor ao longo da história. Sem saber o quanto o tipo do malandro influenciaria a nossa cultura, ele diz: "Já veem os leitores que a raça dos Leonardos não se há de extinguir com facilidade".


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Site da coleção: lusobrasileira.folha.com.br

Telefone: (11) 3224-3090 (Grande São Paulo) e 0800 775 8080 (outras localidades)

Frete grátis: SP, RJ, MG e PR (na compra da coleção completa)

Nas bancas: R$ 25,90 o volume

Coleção completa: R$ 598,80 à vista ou em até 12x de R$ 49,90 sem juros (para assinantes Folha e UOL)

Demais leitores: R$ 718,80 à vista ou em até 12x de R$ 59,90 sem juros

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A Coleção Clássicos da Literatura Luso-Brasileira reunirá um total de 30 livros, intercalando obras de grandes escritores portugueses e brasileiros, em edições em capa dura

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