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França valida leilão de máscara tomada de Gabão contra pedido de repatriação

Justiça do país descartou súplicas de gabaneses e reclamação de casal que vendeu o objeto por mixaria sem suspeitar do valor

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RFI

A Justiça francesa validou nesta terça-feira o leilão de uma máscara do povo fang do século 19, originária do Gabão, por € 4,2 milhões, ou R$ 22,5 milhões, a um comprador anônimo. Inicialmente, o objeto havia sido adquirido por um antiquário de um casal de 80 anos por € 150, cerca de R$ 803. A peça tradicional africana estava no centro de um imbróglio judicial.

Mácara 'Ngil' do povo fang, do Gabão - AFP

Os aposentados pediam na Justiça que a venda fosse cancelada, enquanto uma associação de gaboneses exigia a devolução do objeto ao país de origem. O governo do Gabão, que durante o processo manifestou desejo de repatriação da peça, teve o pedido rejeitado.

O tribunal de Alès, no sul da França, decidiu que os proprietários originais, um homem de 88 anos e a sua mulher, de 81, que tinham contatado um vendedor de antiguidades para se livrarem da máscara "não apreciaram o justo valor histórico e artístico do bem". "Sua negligência e descuido" embasam a rejeição do pedido, acrescenta a decisão.

Tudo começou em setembro de 2021, no departamento do Gard, no sul da França. Os idosos queriam esvaziar uma de suas propriedades e venderam a máscara de madeira que encontraram no sótão.

Logo após adquirir o objeto, o negociante decidiu pesquisar a idade da peça utilizando o método de datação por carbono-14 e com ajuda de um antropólogo. Ele acabou descobrindo que se tratava de uma máscara do povo fang, extremamente rara.

Posteriormente, o objeto foi oferecido em um leilão excepcional na cidade de Montpellier, no sul da França. Avaliada em € 300 mil, ela foi finalmente vendida num lance que chegou a € 4,2 milhões, em março do ano passado.

O casal de aposentados se sentiu enganado e apresentou queixa contra o vendedor de objetos antigos. Antes da venda, o antiquário entrou em contato com o casal para investigar a procedência da máscara de 55 centímetros de altura, esculpida em uma madeira clara com detalhes em pátina.

O antigo proprietário afirmou que seu avô, René-Victor Edward Maurice Fournier, era, na época, governador colonial na África e tinha "recolhido" a máscara por volta de 1917 em circunstâncias desconhecidas. "Os meus clientes ficaram surpresos", reagiu Frédéric Mansat-Jaffré, advogado do casal, que não descarta recorrer da decisão.

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