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Globo de Ouro pós-greve resume ano previsível de 'Barbie' e Taylor Swift

Segunda edição depois da crise no prêmio só reforça os 'trending topics' com 'Oppenheimer', 'Maestro' e 'Succession'

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São Paulo

Primeiro grande prêmio de Hollywood após uma centena de dias de greve de atores e roteiristas, o Globo de Ouro resumiu suas indicações nesta segunda-feira ao previsível. Com a dupla "Barbie" e "Oppenheimer" no topo das paradas de cinema, assim como "Succession" —que bateu o recorde com nove indicações—, "The Last of Us" e "The Crown" no páreo das séries, o prêmio busca holofotes apostando no que esteve em alta nas manchetes e "trending topics" ao longo do ano.

Margot Robbie em cena do filme "Barbie", dirigido por Greta Gerwig
Margot Robbie em cena do filme "Barbie", dirigido por Greta Gerwig - Divulgação

São escolhas seguras, naturalmente, e que mostram um novo esforço para que a premiação mantenha um fio de relevância perante a indústria. Afinal, que imagem sustenta um prêmio que, dois anos atrás, derreteu após denúncias de falta de representatividade no corpo de jurados? Não demorou para que a NBC cancelasse a transmissão e a própria Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood acabasse e vendesse os direitos para as produtoras Dick Clark Productions e Eldridge.

Mas falar apenas do que é previsível pode ser limitado para uma seara de prêmios que, incluindo o Oscar, não inova há muito tempo. Dentre as novas apostas do Globo de Ouro, está um olhar para o que é pop. Além das nove indicações para "Barbie", ele se traduziu até na inclusão de "Taylor Swift: The Eras Tour", filme-concerto de um dos shows mais repetidos no ano ao redor do mundo, entre os eleitos.

Mas o mérito, neste caso, não foi nem pela música, nem pelos feitos cinematográficos, mas pelo seu tino comercial e sua capacidade de lotar as salas de cinema ao redor do mundo. Seria melhor dar logo um troféu honorário para a estrela e sua equipe de marketing que botar o filme no mesmo patamar de "John Wick 4" ou "Missão: Impossível – Acerto De Contas Parte 1" —belos filmes de ação, diga-se.

Há ainda uma nova categoria para comédias stand-up, com indicações a Rick Gervais e Chris Rock —um dos que teria, segundo boatos, recusado apresentar o prêmio. A cerimônia, prevista para 7 de janeiro, ainda não anunciou quem cuidará da festa.

Voltando à tradição, ainda que não com seu melhor filme, Martin Scorsese também está entre os candidatos por "Assassinos da Lua das Flores", tanto pela direção como pelos trabalhos de Leonardo DiCaprio e Lily Gladstone.

Algo similar houve com "Oppenheimer", o épico atômico de Christopher Nolan, celebrado também pelo roteiro e pela bilheteria entre suas oito indicações; e "Maestro", a grande aposta do ator-diretor —esse sim com total "cara de Oscar"—, que tem feito bem menos barulho do que esperado ao contar a história do compositor Leonard Bernstein.

É bom também ver como Todd Haynes fez seu trabalho nos bastidores para emplacar algumas indicações para "Segredos de Um Escândalo", um dos melhores filmes do ano, mas que agitou menos o Festival de Cannes quanto deveria. Garantiu, ao menos, indicações para Natalie Portman, Juliane Moore e Charles Melton pelo trabalho nesse "Persona" misturado com filme B.

Qual seja o resultado, não custa lembrar que há muito tempo o Globo de Ouro não é o melhor termômetro para o Oscar —vide o último ano, que teve "Os Fabelmans" e "Os Banshees de Inisherin" entre os vencedores, o que não se repetiu no evento da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Mais relevantes e coesos que o Globo de Ouro são os prêmios das associações de críticos, diretores e atores, mais alinhados ao homenzinho dourado.

Em paralelo, notável ausência de "Napoleão", grande produção de Ridley Scott que estreou poucas semanas atrás —o que pode indicar que a má recepção de crítica pode esconder o filme nas premiações deste final de ano. Da mesma forma, a ausência de Viola Davis, que é a mãe de Michael Jordan no filme "Air: A História por Trás do Logo" se fez sentir, vide a indicação do filme a melhor comédia e melhor ator, por Matt Damon.

Também é bom ver Justine Triet, vencedora da Palma de Ouro, figurar entre as opções de melhor filme e roteiro por "Anatomia de uma Queda", ainda que as chances reais sejam remotas —é preciso um novo "Parasita" ou um "Round 6" para que os americanos deem bola a algo que não seja o próprio umbigo. Notável ainda a presença de Sandra Huller, a protagonista do filme francês, e Alma Pöysti, do finlandês "Folhas de Outono", no páreo de melhor atriz dramática e de comédia, nesta ordem.

No caso das séries, a questão de previsibilidade é ainda mais notável com a repetição de queridinhos como "Succession", que chegou ao fim em maio e deve levar várias estatuetas entre as nove indicações, e "The Crown", cujos últimos episódios estreiam nesta semana.

O boom de "The Last of Us" também foi contemplado, numa rara ocasião em que os games furaram o próprio nicho. Fazem companhia ainda "Daisy Jones & the Six" e "A Diplomata", outros destaques menores do ano que tiveram uma fatia menor de indicações.

E, ainda que "1923" —sequência de "Yellowstone" e um hit nos EUA— tenha figurado nas opções das melhores séries dramáticas, a ausência de Harrison Ford na lista, que contracena com Helen Mirren, esta, sim, indicada pelo papel.

Na seara das comédias, "Ted Lasso", "Barry" e "Only Murders in the Building" já eram esperados, e algum deles deve ser o vencedor, mas ver "O Urso" com cinco indicações é um lembrete dessa produção notável, que evoluiu em sua segunda temporada e alcançou um público maior.

Mesmo com a gestão de crise que expandiu os votantes para cerca de 300 jornalistas ao redor do mundo, incluindo o Brasil, depois de uma premiação com péssima audiência no ano passado, a tendência é que a crise se aprofunde na transmissão do próximo ano.

Erramos: o texto foi alterado

A série que concorre ao Globo de Ouro de 2024 chama-se “1923”, não “1932”, como grafado em versão anterior deste texto.

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