Slash vira caricatura de si em São Paulo, mas sua guitarra continua inconfundível

Banda paralela do guitarrista do Guns N' Roses faz hard rock que até funciona, mas não chega a empolgar o público

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São Paulo

Quem se interessa em ver um roqueiro veterano que deixou sua marca na história do rock mas há décadas não faz nada de muito relevante?

Mais ou menos 8.000 pessoas, a julgar pelo público do show do Slash nesta quarta-feira, em São Paulo, que quase lotou a casa de espetáculos onde o guitarrista do Guns N’ Roses se apresentou com sua banda mais recente, Slash featuring Myles Kennedy & the Conspirators.

Slash se apresenta no Espaço Unimed, em São Paulo - Zanone Fraissat/Folhapress

Como esperado, Slash subiu ao palco de cartola, calça de couro, óculos escuros e sua inseparável guitarra Gibson —só que desta vez não era para tocar "Sweet Child O’ Mine". Sua atual banda está no quarto disco e só apresenta músicas próprias.

Eles tocam um hard rock arroz com feijão, que satisfaz mas não empolga. O público estava mais interessado em fazer selfies ou tiras fotos de Slash, e não cantava as músicas junto, porque talvez nem as conhecesse, se considerarmos que havia bem mais camisetas do Guns N’ Roses na plateia do que estampadas com o logo da banda no palco.

Dito isso, Slash não só toca muito bem e tira de sua guitarra um som inconfundível como ele é um showman, a ponto de quase virar uma caricatura de si mesmo. A banda toda abre espaço para ele no palco, muito mais do que grupos de rock dão a seus guitarristas em apresentações ao vivo.

Praticamente todas as músicas têm solos de Slash, que passeia pelo palco como se estivesse em casa enquanto inclina a guitarra para a vertical na hora de dedilhar as cordas. Ele é a estrela. A plateia grita. O outro guitarrista fica ofuscado, até porque é difícil competir com um dos instrumentistas mais importantes da história do rock, que marcou a adolescência de muita gente com seus acordes.

A apresentação em São Paulo foi o segundo dos quatro shows de Slash featuring Myles Kennedy & the Conspirators no Brasil. É de se admirar que um estilo de música —hard rock— e um guitarrista —Slash— que estão fora dos holofotes há bastante tempo ainda atraiam tanta gente. Todos sabem quem é o guitarrista da cartola, mas pouca gente sabe o que ele faz quando não está no Guns N' Roses.

A banda Myles Kennedy & The Conspirators, a terceira que Slash teve depois do Guns N' Roses, já acompanha o guitarrista há uma década e inclusive veio para o Brasil antes —ainda que, desde 2016, ele tenha voltado a excursionar e gravar novamente com o Guns. As músicas do último disco, intitulado apenas "4", foram compostas por ele e pelo vocalista Myles Kennedy.

Durante o show, Slash trocou de guitarra algumas vezes, o que é um presente para quem gosta do som do instrumento, o verdadeiro protagonista da apresentação. A certa altura, a banda fez uma cover de "Always on the Run", do Lenny Kravitz, uma música na qual a guitarra aparece bem mais do que nas outras. Tocando no meio do palco durante a faixa, Slash reforçou o óbvio.

Mas tudo bem. Tanto o público de cabelo branco quanto os jovens estavam ali para isso, mesmo —o resto era bônus.

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