Festival de Berlim é acusado de ajudar a propagar o antissemitismo

Prefeito da capital alemã afirmou que o que aconteceu na mostra foi uma 'relativização insuportável'

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Berlim | AFP

O Festival de Berlim foi acusado, neste domingo (25), de ter servido de plataforma para vários cineastas que, na véspera, fizeram declarações sobre a guerra de Israel contra o Hamas em Gaza que o prefeito da capital alemã considerou "antissemitas".

"O antissemitismo não tem espaço em Berlim e isso também se aplica aos artistas", denunciou o prefeito da capital alemã, Kai Wegner, do partido conservador União Democrata-Cristã, a CDU, na plataforma X.

Pêmios do Festival de Berlim - Fabrizio Bensch /REUTERS

"O que aconteceu ontem na Berlinale significou uma relativização insuportável", acrescentou, pedindo prestação de contas à direção da mostra.

O prefeito se referiu, sobretudo, às opiniões expressas durante a cerimônia de entrega dos prêmios do festival de cinema, na noite de sábado, por cineastas que acusaram Israel de "genocídio" por seus bombardeios na Faixa de Gaza, que deixaram quase 30.000 mortos —sobretudo civis— , segundo o Ministério da Saúde do Hamas, no poder em Gaza.

Ao contrário, estes diretores omitiram que a ofensiva israelense foi provocada por um ataque de milicianos do Hamas no sul de Israel em 7 de outubro, que provocou a morte de pelo menos 1.160 pessoas, a maioria civis.

Um deles foi o diretor de cinema americano Ben Russell, que usou um lenço palestino e acusou Israel de genocídio.

Por sua vez, o documentarista palestino Basel Adra, que recebeu um prêmio por um filme sobre as expulsões de palestinos na Cisjordânia ocupada, acusou Israel de "massacrar" a população palestina e criticou as vendas de armas da Alemanha para Israel.

Suas declarações foram aplaudidas pelo público presente na sala.

Uma dirigente do Partido Social-democrata, do chefe de governo, Olaf Scholz, Helge Lindh, qualificou de "chocante" o aplauso do público.

"Sinto vergonha de ver no meu país pessoas que hoje aplaudem acusações de genocídio contra Israel", declarou ao jornal Die Welt.

O Festival de Berlim é financiado, sobretudo, pelo Estado alemão.

Até o momento, a direção do festival não reagiu oficialmente à polêmica, mas informou ao jornal Die Welt que as declarações dos cineastas durante a cerimônia eram "opiniões individuais e independentes" do evento.

A Berlinale é "explicitamente contra a discriminação e todas as formas de ódio", mas considera importante que exista "a livre expressão de opiniões" dentro "dos limites da lei", apontou o festival.

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