A meio mundo de distância de Hollywood, cidadãos em Hiroshima, no Japão, comentaram a vitória no Oscar de "Oppenheimer", filme que mostrou como foi desenvolvida a bomba atômica que devastou a cidade há 78 anos.
O longa-metragem biográfico sobre o físico J. Robert Oppenheimer ganhou sete estatuetas do Oscar na noite deste domingo no Academy Awards, incluindo a principal, de melhor filme, após arrecadar US$ 954 milhões em todo o mundo.
Mas "Oppenheimer" ainda não foi exibido no Japão, único país a ter sofrido bombardeio nuclear durante os ataques dos Estados Unidos em Hiroshima e Nagasaki no final da Segunda Guerra Mundial.
"Eu definitivamente gostaria de assistir a este filme", disse Yasuhiro Akiyama, um professor de 43 anos. "Espero que mais pessoas ao redor do mundo que tenham visto o filme queiram visitar Hiroshima e vir ao Memorial da Paz e à Cúpula da Bomba Atômica."
"Oppenheimer" finalmente será lançado no Japão em 29 de março, cerca de oito meses após sua estreia.
Houve quem duvidasse que o filme seria exibido no Japão. Algumas pessoas criticaram a produção e seu marketing, alegando que havia sido suavizado o impacto dos bombardeios nos seres humanos.
Muitos japoneses se sentiram ofendidos por uma campanha criada por fãs chamada "Barbenheimer" que ligava o filme a "Barbie", blockbuster que estreou no mesmo dia.
Teruko Yahata, sobrevivente do bombardeio de Hiroshima, disse na semana passada à Reuters que estava ansiosa para ver "Oppenheimer" e que esperava ver ressurgir o debate sobre armas nucleares.
Esse sentimento foi ecoado por vários residentes de Hiroshima entrevistados depois que o filme conquistou o Oscar.
"Acho importante ter um mundo pacífico onde as pessoas não lutem mais umas contra as outras. Espero que este filme dê a todos a oportunidade de aprender sobre a paz", disse Miyuki Hirano, uma enfermeira de 44 anos.
Yoshito Ihara disse duvidar que nações com armas nucleares abandonem as armas, mas espera que o filme possa educar indivíduos e motivá-los a pedir mudanças.
"Não vi o filme, mas acho que é uma chance para os japoneses comuns aprenderem [sobre o bombardeio]", disse Iwata, um corretor de imóveis de 63 anos. "É uma questão contra a qual cada pessoa no mundo deve continuar lutando."
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