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Shakira faz da traição disco excelente, com 'Las Mujeres Ya No Lloran'

Com boas parcerias, novo trabalho é turbinado por essa até agora interminável lavagem de roupa suja com Piqué

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Las Mujeres Ya No Lloran

Verdadeira locomotiva dessa expansão gigantesca da música latina no mercado fonográfico americano e, por tabela, no mundo todo, a colombiana Shakira lança nesta sexta (22) seu vigésimo álbum, "Las Mujeres Ya No Lloran", que chega de maneira um tanto diferente.

Algumas canções incluídas nele foram disponibilizadas nas redes há praticamente dois anos. De abril de 2022 até agora, já são oito singles lançados, simplesmente a metade das 16 faixas do álbum. Mesmo assim, a cantora de 47 anos ainda conseguiu reservar um pouco de surpresas.

A cantora Shakira, que lança 'Las Mujeres Ya No Lloran'
A cantora Shakira, que lança 'Las Mujeres Ya No Lloran' - Nicolas Gerardin/Divulgação

Na última quinta-feira, ela revelou numa entrevista que conseguiu inserir uma derradeira canção mesmo depois que seus produtores e os executivos da gravadora tinham dado o disco como finalizado.

Essa música se chama "Ultima", e esse título vem do fato de, segundo ela, ser a última canção que irá lançar falando do tumultuado e badalado divórcio do ex-jogador de futebol espanhol Piqué, que fez história no Barcelona.

Antes dessa faixa, ela já havia lançado os singles "El Jefe" e "Shakira: BZRP Music Sessions, Vol. 53", com referências diretas à separação dramática do casal, após Shakira ter descoberto uma traição conjugal.

Na citada entrevista, ela fala por mais de 40 minutos sobre os efeitos do divórcio. Suas respostas são repletas de declarações que parecem ter sido estudadas em casa. "Minha vida foi despedaçada e a música é a cola que usei para juntar os pedaços" é um exemplo.

O resultado do álbum é muito bom. É seu primeiro trabalho de estúdio desde o mediano "El Dorado", de 2017. Nesse intervalo, lançou um registro ao vivo da turnê, "Shakira in Concert: El Dorado World Tour" (2019). Mais uma vez, ela tem apoio de vários produtores com quem já trabalhou e chama convidados para cantar com ela em algumas faixas.

Essa mecânica de colaboração está infestando há tempos os lançamentos do pop mundial. Mas, diferentemente de muitos artistas que se juntam seguindo ordens da gravadora e muitas vezes não têm a mínima química no trabalho, Shakira consegue extrair boas ideias musicais aproveitando as características de cada um.

No primeiro single, ainda em 2022, ela gravou "Te Felicito" com o superstar porto-riquenho Rawl Alejandro. Uma balada meio agitada, sacolejante como tudo que seu parceiro faz. O lançamento teve muito sucesso surfando na onda do divórcio, assunto que na época não saía dos tabloides. Na letra, Shakira compara o ex a um péssimo ator que interpretou um papel durante anos a seu lado.

Para gravar "El Jefe", outra letra cheia de torpedos disparados contra Piqué, Shakira se aliou ao grupo Fuerza Regida, banda tex-mex californiana liderada pelo vocalista Jesús Ortiz Paz. É um artista que busca inovar as tradicionais canções da fronteira. E "El Jefe" esbanja criatividade, com o uso dos acordes dos violões mexicanos emulando o ritmo de beats eletrônicos. Uma das grandes faixas do disco.

A terceira canção manifesto contra o ex-marido se tornou um hit mundial. Lançada em janeiro do ano passado, "Shakira: BZRP Music Sessions, Vol. 53" derrubou servidores em toda parte. A colaboração de Shakira com o DJ e produtor argentino Bizarrap é um eletropop matador, para turbinar qualquer festa. No álbum, ganha remix do DJ holandês Tiesto.

Outros bons momentos são alcançados quando a cantora se une a compatriotas. "Copa Vacía" é um reggaeton de alta carga erótica que ela divide com Manuel Turizo, um fenômeno no gênero. Ele conseguiu fama aos 16 anos, com seu primeiro single, "Uma Lady Como Tú", seguido de três álbuns de imensa exposição na MTV americana. Com Turizo, Shakira deixa o parceiro conduzir o andamento da canção e se aproveita do vozeirão do rapaz de 23 anos.

Outra estrela do reggaeton é a colombiana Karol G, que participa da faixa "TQG", também um single. As duas entraram no livro dos recordes depois de alcançarem mais de um bilhão de exibições nas redes com essa música, marca única entre gravações de cantoras de língua espanhola.

Mais uma vez, a vida pessoal colaborou nesse sucesso. Na letra, as duas disparam ataques a ex-maridos. Se Shakira teve Piqué, Karol G afirma ter sofrido muito ao lado do rapper porto-riquenho Anuel AA.

Se há uma outra canção no disco que pode bater esses números absurdos de "TQG", certamente é "Punteria", que sai como single simultaneamente ao lançamento do álbum. Musicalmente falando, nem pode ser relacionada entre as melhores de "Las Mujeres Ya No Lloran", mas trata-se de uma parceria de Shakira com a rapper americana Cardi B.

A soma das astronômicas audiências de ambas nas plataformas digitais deve produzir de forma quase imediata mais um hit incontestável na carreira da colombiana. Impossível não dar certo.

Numa avaliação final, o novo álbum de Shakira é muito bom. Tudo bem que seu sucesso é turbinado por essa até agora interminável lavagem de roupa suja com o ex-marido. Mas, se nessa turbulência toda na vida pessoal a cantora consegue produzir um disco tão bom, talvez os fãs devam agradecer a esse período conturbado que levou Shakira adiante.

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