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Morre Ilva Niño, atriz que viveu a empregada Mina em 'Roque Santeiro'

Atriz pernambucana se notabilizou por interpretar domésticas e mulheres nordestinas em dezenas de novelas da TV Globo

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São Paulo

A atriz Ilva Niño, com mais de 30 novelas no currículo e conhecida pelo papel da empregada Mina em "Roque Santeiro", da TV Globo, morreu no Rio de Janeiro nesta quarta-feira (12). Ela tinha 90 anos.

A informação foi confirmada em nota pelo hospital Quali, em Ipanema, onde ela estava internada. "O Hospital Quali Ipanema confirma com pesar o falecimento da paciente Ilva Niño Mendonça, no dia 12 de junho de 2024, em decorrência de complicações respiratórias, digestivas e renais, culminando com a falência múltipla de órgãos."

A atriz Ilva Niño na pele da empregada Mina na novela 'Roque Santeiro', de 1985
A atriz Ilva Niño na pele da empregada Mina na novela 'Roque Santeiro', de 1985 - Divulgação/TV Globo

Com uma carreira de mais de seis décadas, em especial na TV e no teatro, ela se notabilizou por interpretar empregadas domésticas, donas de casa ou mulheres nordestinas, que representaram a maioria de seus papéis.

Nascida em Floresta, em Pernambuco, Niño começou nas artes cênicas quando participou de um curso de teatro grego ministrado por Ariano Suassuna.

Sua carreira no teatro se desenrolou nos anos 1960, no Movimento de Cultura Popular, projeto do então prefeito de Recife, Miguel Arraes, para oferecer acesso à cultura e à educação para a população analfabeta e marginalizada.

Niño se mudou para o Rio de Janeiro com o marido, o ator e diretor Luiz Mendonça, após o golpe militar de 1964. Nos anos 1950, os dois atuaram na peça "O Auto da Compadecida", a primeira adaptação da obra de Suassuna, em que a atriz deu vida à mulher do padeiro.

Ela já havia atuado em peças como "O Berço do Herói" e "O Pagador de Promessas", ambas de Dias Gomes, antes de começar a trabalhar na Globo, nos anos 1960. Começou com "Verão Vermelho", de 1969", e "Bandeira 2", de 1971.

A partir da década de 1970, Niño passou a ter diversos papéis em novelas da emissora —a maioria como mulheres de personalidade forte. Foi Alzira, a mãe das personagens de Betty Faria e Elizangela, em "Pecado Capital", de 1975, e Cotinha, a mais velha de quatro irmãs pernambucanas, em "Sem Lenço, sem Documento", de 1977.

Também atuou em "A Patota", de 1972, "Gabriela", de 1975 e "Feijão Maravilha", de 1979, antes de se consolidar nos anos 1980. Depois de participar de "Água Vida", de 1980, ela se destacou na novela "Partido Alto", de 1984, que tratava de samba, breakdance, carnaval e jogo do bicho em horário nobre. Niño deu vida à fofoqueira Iara, a quem o marido era submisso.

Seu maior sucesso veio em 1985, com "Roque Santeiro". Na novela, de grande apelo popular, ela deu vida a Mina, a empregada doméstica da viúva Porcina, personagem imortalizada por Regina Duarte. Ficou muito conhecido o bordão em que a patroa gritava o nome da funcionária.

O currículo de Niño na década ainda inclui "O Outro", de 1987, "Bebê a Bordo", de 1988, e "Sexo dos Anjos", de 1989. Em 1999, foi a religiosa Irmã Teresa em "Terra Nostra" e em 2011 viveu a cangaceira Cândia em "Cordel Encantado", entre muitos outros papéis.

Em entrevista ao Memória Globo, ela falou sobre ter interpretado várias empregadas domésticas. "Ela não entra mais em cena apenas para servir a mesa ou mexer panela na cozinha. Ela agora está inclusa na comunidade familiar da casa. Trabalha na sua casa porque você precisa dela e ela precisa do emprego, então existe uma troca, uma necessidade."

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