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Livros Bienal do Livro

Bienal do Livro é a maior em 10 anos, turbinando vendas em espaço lotado

Evento paulista atraiu 722 mil pessoas e aumentou lucro das editoras, mas estrutura não dá conta de acomodar a todos

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São Paulo

Acaba neste domingo uma Bienal do Livro superlativa. Quem circulou pelos corredores abarrotados do pavilhão do Distrito Anhembi, novo endereço do evento na zona norte de São Paulo, percebeu que leitores e leitoras compareceram em peso.

multidão em movimento entre estandes de livros
Público durante o último dia da Bienal do Livro, realizada no Distrito Anhembi neste domingo - Adriano Vizoni/Folhapress

O público foi de 722 mil pessoas, o mais numeroso da última década e 9% maior que a edição anterior, segundo a Câmara Brasileira do Livro, responsável pela organização. O tíquete médio gasto foi de R$ 208.

As editoras terminam os dez dias de evento soltando fogos de artifício. A Companhia das Letras disparou um comunicado ostentando ter feito "a maior Bienal do Livro de todos os tempos", com um estande constantemente lotado, e não está sozinha.

A Sextante dobrou o faturamento em relação à Bienal de dois anos atrás. A Globo Livros diz ter batido "todos os recordes históricos" em bienais. O crescimento na Record foi de 82% e as vendas superaram as da festa do Rio de Janeiro, que costuma ser maior para a editora carioca.

A VR, casa do "Diário de um Banana", cresceu 30% puxada pela presença do autor Jeff Kinney; a Intrínseca, editora de Lynn Painter e Hayley Kiyoko, vendeu 75% mais que no último evento paulista, e as vendas da Rocco subiram 87%. Segundo a CBL, o faturamento diário dos expositores cresceu uma média de 83%.

Os números se referem à receita das editoras, vale frisar, e não ao volume de exemplares vendidos. Ou seja, são um tanto puxados pela alta nos preços que o mercado tem praticado, conforme mostram as pesquisas da Nielsen.

Mas é evidente que o público que esteve no pavilhão não só foi numeroso como tinha gana suficiente de encontrar livros e autores a ponto de enfrentar longas e longas filas —para entrar nos estandes, para pagar no caixa, para comer, para ir ao banheiro, para pegar autógrafos.

Ficou claro que a nova estrutura foi insuficiente para a imensa demanda. Se o Anhembi é cerca de 15% maior que o Expo Center Norte, onde aconteceu a última edição, os 227 expositores também ocuparam uma área maior, e o mapa desenhado pouco ajudou, com uma praça de alimentação colada no principal palco de palestras.

Circular pelo Anhembi aos sábados e domingos foi um sufoco, com boa parte dos corredores tão cheios que exigiam fila indiana para caminhar.

O ar-condicionado não deu conta do calor do sábado, a disputa pela comida com preços inflacionados foi voraz —vários leitores só acharam brecha para comer nas barraquinhas no fim da tarde— e nada era mais comum que grupos de crianças, adolescentes e pais sentados ao longo do piso acarpetado.

O velho mito de que brasileiros não gostam de ler e não ligam para escritores insiste em circular, mas eventos populares como a Bienal insistem em desmentir isso com uma massa gigantesca de leitores, a maioria deles jovens —e todos eles merecem um pouquinho mais de conforto.

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