Descrição de chapéu Livros

'Diário de um Banana' na Bienal tem crianças indo à loucura e gritos de 'Jeffão'

Americano Jeff Kinney foi a maior atração do evento neste sábado e conheceu fãs de comunidade no Jardim Panorama

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

"Jeffão, Jeffão, Jeffão", gritavam as crianças da comunidade do Jardim Panorama enquanto balançavam os livros no ar. O apelido abrasileirado era do autor e ilustrador da série "Diário de um Banana", o americano Jeff Kinney.

homem branco de meia idade com camisa branca dá risada
O autor Jeff Kinney em mesa sobre sua série 'Diário de um Banana'

O escritor foi a maior atração deste último sábado da Bienal do Livro de São Paulo, mas ali nos bastidores acontecia um encontro com meninos e meninas de um projeto social, em paralelo ao cronograma oficial.

As crianças questionaram o autor sobre a história dos livros, e ele autografou exemplares, deixando sempre um desenho no pé das páginas. Ao fundo, uma pessoa fantasiada de Greg, o protagonista fracassado da série, brincava com as crianças.

O evento foi uma colaboração entre a VR Editora, que publica a coleção, e um programa da escola de elite Avenues, em parceria com o coletivo de mulheres do Jardim Panorama, na zona oeste paulistana.

A afobação dos fãs mostra o porquê de "O Diário de um Banana" ser um fenômeno no Brasil. O primeiro livro da série foi publicado no país em 2008 e já soma mais de 14 milhões de cópias vendidas. O último, "Diário de um Banana: Cabeça-Oca", foi lançado no ano passado e já atingiu a marca de 100 mil exemplares comercializados.

A série narra a vida de Greg Heffley, um pré-adolescente no ensino fundamental que tenta se tornar popular. De forma bem humorada, o personagem registra situações de sua vida —muitas vezes constrangedoras— na esperança de que um dia se torne famoso e as pessoas se interessem por ele.

Durante a manhã de sábado, Jeff Kinney também participou de uma mesa no palco principal da Bienal. Recebido calorosamente pelos fãs mirins, o autor valorizou o papel dos bibliotecários e da literatura diante cenários adversos de censura, brincou de "jogo da memória" com fatos da série e defendeu que não existe a possibilidade de criar histórias com o Greg adulto, algo muito pedido pelos leitores.

"Os desenhos são um lugar seguro, eles não mudam. Você não quer que eles fiquem velhos. O mundo muda muito, mas é bom saber que algo pode ficar constante. O Greg fica do jeito que ele é", disse ao público.

A história de Greg perpassa gerações desde a primeira publicação, em 2007, nos Estados Unidos. A estudante Laura, de nove anos, é a prova viva disso. Sem saber ler, ela ouvia a irmã mais velha contar a história em voz alta. Hoje, já alfabetizada, é fã de carteirinha do autor.

"Agora, eu continuo lendo sozinha. Quero ver o Jeff porque gosto muito da história", diz Laura. Incentivada pelos pais, a garota começou o próprio diário, em que registra eventuais episódios do dia a dia, assim como o personagem Greg faz no livro.

Kinney não sabe ao que atribuir o sucesso dos livros ao longo dos anos. "Eu escrevi essas histórias sobre as minhas experiências pessoais, mas vejo quando viajo pelo mundo que todos temos situações semelhantes", afirma.

A identificação com a história de Greg é o que chama atenção do filho da bancária Carla Sandy. À reportagem ela conta que Diogo, de dez anos, devorou nove livros em cinco dias. "A leitura para a criança é muito importante. Meu filho sempre leu muito e se identifica com a história do 'Diário de um Banana', é como se ele vivesse o personagem", conta.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.