Descrição de chapéu Obituário Sergio Mendes (1941 - 2024)

Morre Sergio Mendes, que espalhou a música brasileira pelo mundo, aos 83 anos

Músico e compositor ajudou a divulgar a bossa nova e o samba pelo mundo e colecionou recordes nas paradas americanas

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

homem atrás de piano de cauda aberto

O músico e compositor Sérgio Mendes em imagem de divulgação do seu documentário da HBO, 'Sérgio Mendes: No Tom da Alegria' - Universal Music Group (A&M)/Divulgação

São Paulo

Morreu nesta sexta-feira, aos 83 anos, o pianista, compositor e arranjador Sergio Mendes, grande nome do samba-jazz conhecido por levar a música brasileira para o exterior.

O pianista e arranjador Sergio Mendes

Nascido em Niterói, no Rio de Janeiro, em 1941, Mendes se matriculou ainda jovem no conservatório de música da cidade. Aos 15 anos, estudou música erudita com Carmelita Lago e, já adulto, se interessou pelo jazz e passou a frequentar o Beco das Garrafas, berço da bossa nova em Copacabana.

O músico começou sua carreira musical ao lado de grandes artistas como Tom Jobim, Vinicius de Moraes e Baden Powell. Em 1959, ele montou seu primeiro grupo, o Bossa Rio. Em 1961, participou do 3º Festival Sul-Americano de Jazz no Uruguai, já com outra formação, o Brazillian Jazz Sextet, que estreou com o disco "Dance Moderno", com regravações de canções de artistas importantes da bossa nova.

Em 1962, ele participou do concerto concerto histórico de músicos brasileiros de bossa nova no Carnegie Hall, em Nova York, evento que lançou o gênero musical brasileiro ao mundo. Em 1964, se mudou para Los Angeles, nos Estados Unidos fugindo da perseguição da ditadura militar.

Mendes falou sobre a mudança em uma entrevista à Folha em 2021, quando John Scheinfeld lançou o documentário "Sérgio Mendes no Tom da Alegria", sobre o músico. O compositor conta que recebeu um convite do saxofonista americano Cannonball Adderley, que o viu tocar no Carnegie Hall, para gravar um disco.

"Eu não podia acreditar no que estava acontecendo. Era um dos meus ídolos me convidando para trabalhar com ele. Tive muitos encontros assim na vida", conta Mendes. "Fui convidado para turnês com Frank Sinatra, Fred Astaire. Foram experiências maravilhosas.".

O músico e compositor Sérgio Mendes, em foto de 1966

Nos anos 1960, entre o Brasil e os Estados Unidos, Mendes viveu seu momento mais produtivo, lançando ao todo oito discos e inaugurando, em 1966, o grupo Brasil’ 66, apresentado ao mundo com o disco "Herb Alpert Presents Sergio Mendes & Brazil 66", do mesmo ano, seu primeiro grande sucesso no exterior, que vendeu mais de um milhão de cópias.

Entre as músicas do álbum, está sua versão de "Mas Que Nada, de Jorge Ben Jor", dada de presente pelo colega ao pianista, que fez sucesso nas paradas americanas e até hoje é usada em trilhas de filmes internacionais e ganha novas regravações.

O cantor conquistou elogios de Paul McCartney com seu "Fool on The Hill", disco de 1968 nomeado a partir da canção dos Beatles. Em 1970, a cantora Gracinha Leporace foi morar nos Estados Unidos com Mendes. Ela substituiu a vocalista americana do Brasil ’66, Lani Hall. Na mesma década, o músico saiu em turnê internacional.

Em 1993, ganhou o Grammy de música internacional com "Brasileiro", álbum com canções de Carlinhos Brown. Em 2012, compositor e cantor concorrem juntos ao Oscar pela música "Real in Rio", da animação "Rio", do diretor Carlos Saldanha.

Em seu Instagram, o americano Herb Alpert, que ajudou a lançar Mendes no exterior, homenageou o amigo, que chamou de seu irmão de outro país. "Ele foi um verdadeiro amigo e músico extremamente talentoso que trouxe a música brasileira em todas as suas formas para o mundo inteiro com elegância e alegria", escreveu.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.