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Romance jovem foi perseguido por homofobia e autora fugiu da Rússia

Edição da newsletter Tudo a Ler aponta a parceria inusitada entre uma autora russa e uma ucraniana diante da guerra

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São Paulo

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O romance "Verão de Lenço Vermelho" (trad. Yuri Martins de Oliveira, Seguinte, R$ 79,90, 464 págs., R$ 39,90, ebook) conta a história de Iura, que retorna ao acampamento que frequentava na adolescência em busca de seu primeiro amor, um garoto chamado Volódia. Os dois se conheceram nos anos 1980 na União Soviética, onde o sexo entre homens era proibido por lei e homossexuais eram considerados doentes.

Décadas depois, a Rússia não melhorou o tratamento com pessoas LBGTQIA+. Como conta o repórter Guilherme Luis, desde o ano passado, o "movimento internacional LGBTQIA+" é considerado uma causa extremista no país.

O livro lançado em 2021 ganhou grandes proporções devido a sua popularidade no TikTok e se tornou um símbolo de resistência.

A russa Elena Malíssova é uma das autoras do livro e hoje está foragida de seu país por conta das ameaças de morte que vem recebendo após o sucesso da obra. A outra autora é a ucraniana Katerina Silvánova.

Em meio à Guerra da Ucrânia, a parceria das autoras é mais uma forma de resistência que contrapõe o conflito entre seus países.


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Newsletter de livros
'As Verdades que nos Movem', 'Supercomunicadores', 'Combina?' são os lançamentos destacados pela Tudo a Ler nesta semana - Núcleo de Imagem

"As Verdades que nos Movem" (trad. Ana Rodrigues, Cássia Zanon, Maria de Fátima Oliva Do Coutto e Regiane Winarski, Intrínseca, R$ 59,90, 352 págs., R$ 39,90, ebook) é estratégia de campanha em formato de autobiografia, segundo o jornalista Diogo Bercito. O livro escrito em 2020 por Kamala Harris, atual vice-presidente dos EUA e candidata à presidência pelo Partido Democrata, funciona como uma maneira de a autora reconstruir seus pontos fracos e responder seus detratores.

"Supercomunicadores: Como Desbloquear a Linguagem Secreta da Comunicação" (trad. Cássio de Arantes Leite e Débora Landsberg, Objetiva, R$ 79,90, 296 págs., R$ 39,90, ebook) é mais um best-seller de Charles Duhigg. Segundo a reportagem de Carolina Azevedo, o autor se destaca por combinar autoajuda e fatos científicos em boa literatura. No novo livro, Duhigg mostra como se conectar melhor com outras pessoas e se tornar um comunicador habilidoso.

"Combina?" (trad. Guilherme Miranda, Seguinte, R$ 69,90, 432 págs.), de Casey McQuiston, conta a história de ex-namorados que são forçados a viajar juntos pela Europa. Apesar da premissa clichê, o livro se arrisca ao apresentar um dos protagonistas como uma pessoa não-binária, assim como McQuiston. A reportagem de Guilherme Luis aponta as dificuldades que tradutores brasileiros tiveram em manter a linguagem neutra com uma língua portuguesa que é tão baseada em gênero.


E mais

Um livro-reportagem de jornalistas do New York Times relata com detalhes a conduta de Elon Musk desde que comprou o Twitter e o colocou a serviço do extremismo político e da desinformação, segundo o argumento dos autores. A obra reconstrói a aquisição da empresa, com acesso a documentos inéditos e entrevistas com diversas fontes. A coluna Painel das Letras conta que a Todavia se apressa para lançar o livro no Brasil em outubro.

O logo antigo do Twitter ao lado do empresário Elon Musk, que renomeou a rede como X - Dado Ruvic/REUTERS

"A Igreja Negra", de W.E.B. Du Bois, chega ao Brasil por um projeto combinado entre a editora Recriar e o Afro-Cebrap. Du Bois é equivocadamente apresentado "apenas" como um intelectual negro, segundo o professor Rodrigo Toniol, que o defende como "um cânone das ciências sociais".


Em 2001, Philip Norman escreveu o obituário de George Harrison em um tom que ele mesmo reconheceu como insultuoso. Mais de 20 anos depois, o autor revisita seu erro na biografia "George Harrison - O Beatle Relutante" (trad. Henrique Guerra, Belas Letras, R$ 129,90, 669 págs.), "uma espécie de ajuste de contas consigo mesmo", de acordo com o repórter Ivan Finotti.


Além dos Livros

O poeta latino Catulo, que viveu na Roma Antiga, criou versos que, segundo o professor Paulo Martins, "ainda espantam pela desenvoltura com que passam do sublime à mais ríspida troça". O "Livro de Catulo" é considerado pela Editora da Universidade de São Paulo como o mais antigo poema latino a chegar com tamanha integralidade aos dias de hoje.

Para o colunista José Manuel Diogo, festivais literários são trincheiras da resistência intelectual em um mundo onde o entretenimento superficial é dominante e o pensamento raso se infiltra nas nossas decisões. Eventos literários que se dedicam à discussão de temas sociais são dos poucos espaços públicos que ainda se dedicam ao conhecimento genuíno, diz ele.

Há cem anos, Thomas Mann lançava "A Montanha Mágica". Como aponta o colunista Vinicius Mota, as 1.200 páginas do romance retratam, como se fossem velhos tempos, episódios ainda recentes na Europa, então recém-emergida de uma guerra e de uma epidemia arrasadora.

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