Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
04/06/2010 - 07h45

"Lula e Chávez são mais parecidos do que as pessoas acham", diz Oliver Stone

Publicidade

LAURA MATTOS
DE SÃO PAULO

Não é um filme panfletário como os de Michael Moore, mas Oliver Stone deixa claro que quer defender uma tese com "Ao Sul da Fronteira". E ela é pró Hugo Chávez.

"Mostrar o lado positivo é importante. É um movimento de esperança", disse o cineasta à Folha, por telefone.

Ele estava na Argentina para divulgar o documentário, que estreia nesta semana. Nos últimos dias, passou por outros países da América Latina com o mesmo intuito.

"Reunimos 6.000 pessoas em Cochabamba [Bolívia]. Foi incrível ouvir os aplausos, a excitação dos índios. Havia pobres que nunca tinham visto um filme. Também na Venezuela havia 3.000", contou o diretor de filmes como "Platoon" (1986) e "As Torres Gêmeas" (2006).

"Nunca tinha tido um público assim. Foi como uma experiência antiga do cinema, tocando diretamente as pessoas, como o cinema soviético. Isso me lembra que filmes têm significado, que podem afetar as pessoas."

"Ao Sul da Fronteira" se concentra na Venezuela, mas defende também a ideia de que a política bolivariana de Chávez contaminou, aqui sem a conotação negativa da palavra, outros países da América Latina, que passaram a "não ceder" aos EUA.

Para isso, além de Chávez, entrevista Cristina Kirchner, da Argentina (e não resiste a lhe perguntar quantos pares de sapato tem), Evo Morales, da Bolívia (com quem mastiga folhas de coca), Fernando Lugo, do Paraguai, Rafael Correa, do Equador, Raúl Castro, de Cuba, e Lula.

"Lula e Chávez são mais parecidos do que as pessoas acham. Nos EUA, tentam separá-los, chamando Lula de boa esquerda e Chávez de má esquerda. Isso é uma imagem hipócrita para desestabilizar Chávez e buscar a colaboração de Lula. E o Lula não vai ajudar", opina.

Divulgação
O cineasta norte-americano Oliver Stone e o presidente venezuelano Hugo Chávez em cena do filme "Ao Sul da Fronteira"
O cineasta norte-americano Oliver Stone e o presidente venezuelano Hugo Chávez em cena do filme "Ao Sul da Fronteira"

"Amo quando Lula diz [no filme] que pagou a dívida ao FMI e queriam dar mais para viciá-lo. Amo quando diz que Obama deve suspender o embargo a Cuba, lidar com o Oriente Médio e convidar Chávez à Casa Branca."

Na segunda-feira, Stone desembarcou no Brasil sem visto e acionou o governo, que prontamente o liberou a entrar no país. A gentileza foi retribuída com um encontro com a pré-candidata petista Dilma Roussef, para quem não faltou elogio. "É uma mulher poderosa, focada."

Para Stone, Lula e os outros presidentes da América Latina têm a "imprensa como um partido de oposição".
No documentário, afirmou Stone à Folha, o lado negativo de Chávez está presente quando "ele é atacado pela imprensa norte-americana e venezuelana". Só que o cineasta inverte os papéis e leva o público a rir das críticas.
Em "Ao Sul da Fronteira" o "demônio" é a mídia.

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página