Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
14/09/2010 - 07h20

Artista Wesley Duke Lee será homenageado nesta tarde em São Paulo

Publicidade

FABIO CYPRIANO
DE SÃO PAULO

O artista plástico Wesley Duke Lee, que morreu no domingo (12) à noite, em São Paulo, será homenageado na tarde de hoje em uma cerimônia de despedida aberta ao público no crematório Horto da Paz, em Itapecerica da Serra (SP).

Veja imagens de algumas obras de Wesley Duke Lee

Ele tinha 78 anos e sofreu uma broncoaspiração seguida de parada cardíaca no hospital Beneficência Portuguesa. Lee também sofria do mal de Alzheimer há três anos.

Wesley Duke Lee foi um pioneiro da linguagem contemporânea nas artes plásticas no Brasil, ao realizar pinturas com colagens, "happenings" e criar ambientes instalativos, já nos anos 1960.

Sua ação "O Grande Espetáculo das Artes", no paulistano João Sebastião Bar, em 1963, costuma ser apontada como o primeiro "happening" no Brasil. A performance foi motivada pela dificuldade em expor gravuras da série "Ligas", consideradas muito eróticas, e foi um manifesto contra a crítica.

Na 29ª Bienal de São Paulo, que será aberta ao público no próximo dia 25, Duke Lee estará representado como integrante do Grupo Rex, que fundou junto com os artistas Nelson Leirner e Geraldo de Barros (1923-1998).

Apesar da curta duração, junho de 1966 a maio de 1967, o grupo foi um grande inovador da cena paulista, ironizando o sistema da arte, seus museus e galerias.

O grupo, que criou a Rex Gallery & Sons e editou o jornal "Rex Time", recuperou o espírito contestatório e anarquista dos dadaístas, além de criar performances afinadas com ações do grupo Fluxus, de George Maciunas e Yoko Ono, entre outros.

João Sal/Folhapress
O artista plástico Wesley Duke Lee, em São Paulo
O artista plástico Wesley Duke Lee, em São Paulo

ATITUDE ICONOCLASTA

Um bom exemplo dessa atitude é uma das obras selecionadas de Duke Lee para a 29ª Bienal: "O Tríptico: o Guardião, A Guarda, As Circunstâncias", de 1996.

Esse trabalho foi realizado a partir de "O Nome do Cadeado É: As Circunstâncias", que havia sido censurado pela própria Bienal, alguns anos antes, pois era composto por placas móveis fechadas por cadeados, que podiam ser removidos, e uma delas continha um desenho de púbis com pelos reais.

Como crítica à Bienal, o artista criou o tríptico, que agora será exposto, composto por três pessoas: uma mulher com uma tarja preta nos olhos ladeada por guardiões.

Os censores seriam o fundador da Bienal, Ciccillo Matarazzo, que tem o rosto coberto por uma pintura de Almeida Júnior, e a secretária da fundação, Diná Coelho.

Publicitário no início de sua carreira, usando cores fortes e a imagem feminina, Duke Lee também costuma ser vinculado ao movimento pop, mas sua obra de fato está mais próxima da obra de Robert Rauschenberg (1925-2008), que o artista conheceu quando estudou em Nova York, nos anos 1950.

Duke Lee foi ainda professor de uma geração posterior, que inclui Carlos Fajardo, José Resende e Luiz Paulo Baravelli que, em 1970, fundaram a Escola Brasil. Apesar de sua obra vir ganhando visibilidade, não foram ainda dados os créditos à complexidade de sua produção.

RAIO-X - WESLEY DUKE LEE

VIDA E FORMAÇÃO
Nasceu em São Paulo, em 1931. Estudou desenho livre no Masp e depois cursou a Parson's School for Design, em Nova York. Foi aluno do pintor italiano Karl Plattner. Também trabalhou como ilustrador e publicitário

HAPPENING
Fez em 1963 no João Sebastião Bar, em São Paulo, o primeiro "happening" da história da arte brasileira, em que apresentou desenhos eróticos da série das "Ligas"

GRUPO REX
Fundou em 1966 o iconoclasta grupo Rex, do qual participaram Geraldo de Barros, Nelson Leiner, Carlos Fajardo, Frederico Nasser e José Resende. Por meio da publicação de jornais e exposições, questionava a lógica do mercado de arte. Teve sua obra recusada seis vezes pela Bienal de São Paulo

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página