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21/01/2011 - 09h30

"O cinema novo vai voltar", diz Paulo Cezar Saraceni

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BRUNO YUTAKA SAITO
EDITOR-ASSISTENTE DA ILUSTRADA

Aos 77 anos, o diretor Paulo Cezar Saraceni quer atualizar a frase-síntese do cinema novo. "O Gerente", seu mais recente longa, que serve de abertura hoje para a 14ª Mostra de Cinema de Tiradentes, é resultado de "uma ideia na cabeça e uma câmera (digital) na mão".

"O lema continua valendo, até mais do que antes. Um dia, o cinema novo vai voltar com força. O digital é uma maravilha", acredita Saraceni. "Esse é um filme tão radical que o mercado não toparia fazer. Como não tinha muitos recursos, só dava para fazer em digital. Foi perfeito. Tive mais liberdade."

Em 1960, ao lado de Mário Carneiro (1930-2007), Saraceni dirigiu "Arraial do Cabo", um dos filmes fundadores do cinema novo. Mas, se hoje as revoluções estéticas do movimento parecem ser coisa do passado, Saraceni é o cinemanovista que ainda continua ousando.

Há um custo, no entanto, a se pagar. O diretor está sem lançar uma ficção desde 1999 ("O Viajante"); o mais recente é o documentário "Banda de Ipanema" (2003). "Eu já briguei com muitos amigos do cinema novo porque sempre acreditei no cinema-arte. Diziam que eu era bom, mas não pensava no espectador", afirma Saraceni.

Pedro Carrilho/Folhapress
Paulo Cezar Saraceni em sua casa, no Jardim Botânico (RJ)
O cineasta Paulo Cezar Saraceni, que acredita na volta do cinema novo, em sua casa, no Jardim Botânico, no Rio

POESIA

"O Gerente" é o primeiro roteiro do diretor, escrito em 1952. Baseado no conto homônimo de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), tem Ney Latorraca no papel do gerente de banco que escandaliza a sociedade dos anos 1950 pela mania de morder a mão de mulheres.

"Quis fazer um filme intransigente, inovador, e Drummond é perfeito para isso. Ele é o poeta intransigente", diz o diretor. Não espere, portanto, uma narrativa calcada no realismo. Em vários momentos, os personagens declamam textos de Drummond _é a poesia, falada e visual, que guia "O Gerente".

Outro veterano que ressurge é João Gilberto, 79. O músico e o cineasta são amigos desde os anos 1980, quando Saraceni filmou o documentário "Bahia de Todos os Sambas" (lançado em 1996).

Para "O Gerente", João fez novas interpretações para "Louco" (Wilson Batista/Henrique de Almeida) e "Insensatez" (Tom Jobim/Vinicius de Moraes). Há ainda uma música inédita, instrumental, prometida por João, mas ainda não finalizada. A cópia que será exibida hoje em Tiradentes não terá essa faixa.

 

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