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Vinterberg constrói narrativa desinteressante em "Submarino"
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INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
"Submarino" existe a partir da relação de causa e efeito produzida em sua cena de abertura: dois adolescentes cuidam do irmão recém-nascido enquanto a mãe se ocupa de se alcoolizar em tempo integral. Apesar da dedicação dos jovens, no entanto, uma manhã o irmãozinho aparece morto.
Reencontramos mais tarde os irmãos Nick e Martin já homens feitos e desencontrados. Desencontrados um do outro, inclusive. Nick procura por Martin pelo telefone, mas não o encontra. Nick vive em um abrigo e zela pelo filho de uma moça com quem tem relações sexuais e, aparentemente, não mais do que isso.
Martin ocupa-se do filho, de quem faz o centro de sua existência. Ou antes, ele se divide entre a atenção que pretende dar ao filho (e às vezes dá) e o uso contínuo de drogas. Nick ama o irmão e admira sua paternidade a ponto de deixar para ele toda a herança que recebem quando a mãe morre.
Podemos ficar por aí em termos de história, evitando revelar detalhes que atrapalhem a eventual fruição do espectador. Este deve saber, no entanto, que Thomas Vinterberg vale-se do recurso celebrizado por Quentin Tarantino que consiste em narrar de forma assincrônica duas histórias paralelas.
Esse artifício provoca sobre o espectador dois efeitos, basicamente: um de estranhamento e outro de algum espanto. Ou antes: por momentos chegamos a não compreender muito bem certas atitudes de Nick. Isso até que, surpreso, se dê conta de que uma das cenas revele a ausência de sincronia entre as duas narrativas.
Esses procedimentos podem disfarçar um pouco, mas não alteram o essencial: toda a trajetória dos irmãos é marcada pela morte do irmãozinho. A motivação em si não é nada má. O problema é que, da maneira como está lançada, torna o comportamento de Nick e Martin extremamente transparente, explicável. E o que é imediatamente explicável num filme é necessariamente desinteressante.
Com isso, o melhor do novo trabalho de Vinterberg consiste em acompanhar o desempenho dos ótimos atores. O pior, em forçar a vista para distinguir os personagens sob a sólida penumbra a que nos condena a iluminação.
SUBMARINO
DIREÇÃO Thomas Vinterberg
PRODUÇÃO Dinamarca, 2010
COM Jakob Cedergren, Peter Plaugborg
CLASSIFICAÇÃO 16 anos
AVALIAÇÃO regular
Divulgação | ||
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O ator Jakob Cedergren, que interpreta Nick no longa "Submarino", do diretor dinamarquês Thomas Vinterberg |
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