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28/09/2011 - 22h58

"Vivemos a revolução do amor", diz o filósofo Luc Ferry

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ROBERTO KAZ
DE SÃO PAULO

"Hoje, no Ocidente, ninguém arrisca a própria vida para defender um Deus, uma pátria ou um ideal de revolução. Mas vale a pena se arriscar para defender aqueles que amamos. Vivemos a revolução do amor, e á a melhor notícia do milênio."

A frase foi dita hoje pelo filósofo francês Luc Ferry, na Sala São Paulo, durante sua participação no ciclo de conferências Fronteiras do Pensamento.

Durante uma hora, Ferry defendeu, com bastante habilidade, a ideia de que o capitalismo, com a liberdade provocada pela remuneração meritocrática, inventou o casamento motivado pelo amor, em oposição aos acordos matrimoniais da Idade Média, movidos por razões familiares e financeiras.

O filósofo, no entanto, lembrou que o casamento amoroso é "muito mais difícil", porque calcado em um sentimento frágil e finito: a paixão. "É difícil, mas vale a pena", brincou.

Daniel Marenco/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL, 28-09-2011, 20h30: Palestra do filosofo Luc Ferry para o ciclo Fronteiras do Pensamento, na Sala Sao Paulo, em Sao Paulo. Luc Ferry foi Ministro da Educacao Nacional da Franca, sob o governo de Jean-Pierre Raffarin de 2002 a 2004. De acordo com Ferry, uma filosofia comeca a ser completa quando ela se afasta de Deus. Quanto mais a filosofia for ateia, mais corresponde a definicao de filosofia. (Foto: Daniel Marenco/Folhapress, ILUSTRADA)
O filósofo Luc Ferry participou do Fronteiras do Pensamento nesta quarta (28)

Enumerou, então, três consequências desse tipo de casamento.

Em primeiro lugar, o aumento no número de divórcios. "Atualmente, 60% dos casamentos na Europa terminam em divórcio", disse. Ontem, em entrevista à Folha, Ferry confidenciou já estar no terceiro casamento.

Em segundo lugar, o filósofo apontou que o casamento amoroso inventou, também, um amor pelos filhos até então inexistente: "Filhos na Idade Média não eram amados. Naquela época, a morte de uma criança era tão ruim, para a família, quanto a de um porco ou de um cavalo. Crianças representavam trabalho braçal".

Por fim, Ferry enumerou uma terceira e mais importante consequência: um pensamento cada vez mais voltado às gerações futuras.

"Na história do Ocidente, tivemos três grandes razões de morte", apontou. "Deus, pátria e revolução." Citando o símbolo de um comandante náufrago que, por honra, afunda junto com seu navio, completou: "Hoje, no Ocidente, ninguém está pronto para morrer pelo casco do navio."

No entanto, disse que arriscar a vida pelas pessoas amadas continua valendo a pena. "O amor aos filhos nos fez surgir a questão de que mundo vamos legar a eles. Globalização, ecologia e educação, todas as questões atuais, se agrupam nesse foco", completou.

 

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