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14/09/2012 - 10h24

"USA Today" chega aos 30 anos e passa por primeira grande reformulação

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JENNIFER SABA
DA REUTERS

Quando a Gannett lançou o jornal "USA Today", em 15 de setembro de 1982, a publicação foi ridicularizada nos círculos do jornalismo norte-americano, ganhando o desdenhoso apelido de "McPaper" por seus artigos curtos, fotos grandes e devoção aos recursos gráficos.

Agora, o formato um dia radical lançado pelo "USA Today" está presente em quase todos os jornais dos Estados Unidos. O estilo que um dia foi único se tornou comum.

É por isso que, em um esforço de reinvenção voltado a leitores e anunciantes, o "USA Today" lançará na sexta-feira sua primeira grande reformulação de design gráfico em 30 anos.

"A única crítica real que vínhamos recebendo era a de que o formato estava cansado, estagnado", afirma Larry Kramer, recentemente nomeado como presidente e editor responsável do "USA Today". Ele mencionou que a marca do jornal continua forte entre os consumidores. "Mesmo as pessoas que talvez não o leiam têm um sentimento positivo sobre ele".

Entre as mudanças a serem reveladas na sexta-feira estão um novo logotipo, que muda de acordo com as notícias mais importantes do dia, e o uso de cores mais fortes, que saturarão porções maiores das páginas. O site e os produtos digitais do jornal também serão reformulados. O estilo será mais limpo e enxuto, com certa inspiração dos tabloides, contrastando fortemente com a prática atual de muitos sites noticiosos, que superlotam suas páginas iniciais de reportagens e publicidade.

As mudanças serão mais que cosméticas. Kramer, selecionado pela Gannett em maio, é conhecido por sua experiência na mídia digital, o que inclui criar o site de notícias financeiras MarketWatch. Pouco depois de sua contratação, ele selecionou David Callaway, o diretor de redação do MarketWatch, como novo editor chefe do "USA Today".

Em entrevista à Reuters, Kramer disse que a grande iniciativa será promover mais reportagens originais, em lugar de depender das agências de notícias para cobrir as notícias urgentes. Ele planeja manter o orçamento e número de funcionários atuais. A estratégia adotada no "USA Today" para melhorar a produção e distribuição de notícias será posteriormente adotada para as demais redações da companhia dos Estados Unidos, que empregam cinco mil jornalistas.

"Vamos assumir o controle das operações noticiosas da Gannett e uni-las sob uma organização central para promover o compartilhamento de conteúdo", disse Kramer. "O 'USA Today' representa a melhor das marcas noticiosas de alcance nacional".

A Gannett já tentou diversas vezes promover uma estratégia editorial coesa em suas 23 estações de TV aberta e 82 jornais nos Estados Unidos, mas esses esforços jamais obtiveram completo sucesso. Entre os jornais controlados pela Gannett estão publicações como o "Arizona Republic" e o "Des Moines Register".

CONCORRÊNCIA PESADA

Conhecida como "o jornal da nação", o "USA Today" visa ao leitor médio, com uma orientação noticiosa populista, e é consumido principalmente pelos leitores em viagem, devido à sua forte distribuição em hotéis e aeroportos. Mas ao longo dos anos passou a sofrer forte concorrência do "Wall Street Journal", que está dedicando mais espaço às notícias não financeiras, do "New York Times", e de muitos jornais diários hoje facilmente acessíveis em tablets e celulares inteligentes.

"O 'Wall Street Journal' é o jornal nacional de negócios e o 'New York Times' é o jornal nacional para os assuntos mais sérios. O 'USA Today' não conta com uma identidade clara", disse Ken Doctor, analista da Outsell Research. "Está vivendo uma crise espiritual, seria possível dizer".

O "USA Today" tem circulação de 1,8 milhão de cópias diárias, mas três anos atrás perdeu o posto de jornal diário mais vendido dos Estados Unidos para o "Wall Street Journal", que inclui as assinaturas pagas de seu conteúdo digital em seus números de circulação, de acordo com o Audit Bureau of Circulations.

A Gannett não revela dados sobre publicações individuais ao divulgar seus resultados financeiros, mas a publicidade nacional responde pela maior parte do faturamento do "USA Today", e vem caindo em mais de 10% anualizados há diversos trimestres. No segundo trimestre, por exemplo, a Gannett reportou que sua receita nacional de publicidade caiu em 17%.

"A pressão sobre seu faturamento não descansa já há três anos, a ponto de eu ter perguntado à companhia três meses atrás por que eles não optavam por publicar apenas jornais digitais", diz Doug Arthur, veterano analista do setor jornalístico na Evercore Partners, falando sobre o "USA Today".

Arthur acredita que o "USA Today" tenha uma marca forte e uma boa fundação para relançamento, ainda que o processo possa representar "um grande desafio".

A ideia de abandonar a versão em papel do jornal pode um dia ser adotada --o "USA Today" hoje é impresso em 37 gráficas em todo o país--, mas isso não acontecerá em curto prazo, e Kramer diz que a versão impressa continua a ter parte importante em seus planos.

"A reformulação do jornal é crítica para tudo que está acontecendo", disse Kramer. "Vamos promover a transição de uma marca jornalística para uma marca de notícias".

Tradução de Paulo Migliacci

 

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