DANIEL CAMARGOS
DE SÃO PAULO

O ministro da Fazenda Henrique Meirelles confia que a reforma da previdência será votada no final de fevereiro e que o governo conseguirá os votos para a aprovação no Congresso.

"Já existe o conceito de inviabilidade de não se fazer a reforma", afirmou.

Meirelles fez uma apresentação dos dados da economia brasileira para plateia formada por investidores, durante evento realizado pelo banco Credit Suisse, nesta terça-feira (30), em São Paulo.

"Não é uma opção política, mas uma necessidade quase matemática. Temos que garantir que o brasileiro do futuro receberá a aposentadoria", afirmou o ministro, apontado como pré-candidato à presidência.

Questionado, Meirelles disse que decidirá se será candidato à presidência somente em abril, quando se encerra o prazo para descompatibilização do ministério.

Durante a palestra, Meirelles explicou que a "sensação de bem-estar" proporcionada pela melhora dos indicadores econômicos começará a ser sentida neste ano e que isso pode influenciar as eleições.

O discurso do ministro segue a estratégia adotada pelo presidente Michel Temer, que no último domingo foi ao programa do Sílvio Santos tentar sensibilizar a população para necessidade da reforma.

Meirelles explicou aos investidores que as pessoas que representam os 20% da população com o perfil mais baixo de renda não conseguem chegar aos 35 anos de contribuição, pois passam grandes períodos da vida sem emprego formal ou desempregados. Citou também o exemplo do México, onde a idade média para aposentadoria é de 72 anos. No Brasil é de 59 anos e seis meses.

Meirelles destacou que caso a Reforma da Previdência não seja aprovada os gastos com aposentadoria vão comprometer 80% do orçamento em 2026.

"Não vai ter para a educação, saúde, segurança e nem para as emendas parlamentares", afirmou o ministro.

Projeções

Antes de Meirelles, quem fez previsões relacionando política e economia foi Luis Stuhlberg, da Verde Asset, um dos gurus do mercado financeiro. "Um cenário ruim seria a centro-direita ter três candidatos e nenhum deles passar para o segundo turno", afirmou..

Para Stuhlberg a condenação em segunda instância do ex-presidente Lula favorece a aprovação de reformas, como a da previdência. Porém, o economista vê que o crescimento do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) nas pesquisas de intenção de voto ainda no primeiro semestre pode "gerar um constrangimento para o PIB crescer neste ano".

Sthulberg compara a situação, caso ela ocorra, com o cenário de 2002, quando Lula, que venceu as eleições, disparou ainda no primeiro semestre nas pesquisas. "A volatilidade do mercado começaria entre abril e maio em um cenário parecido com 2002", projeta o economista.

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