Bolsa quebra série de 9 altas e cai com exterior; dólar sobe

Mercado reagiu a novo presidente do Fed, que confirmou altas graduais de juros nos EUA

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Presidente do banco central americano, Jerome Powell, fala ao Congresso americano
Presidente do banco central americano, Jerome Powell, fala ao Congresso americano - AFP
São Paulo

A sinalização de altas nos juros nos Estados Unidos voltou a servir de pretexto para que os mercados internacionais devolvessem parte dos ganhos obtidos nas últimas sessões. A Bolsa brasileira acompanhou a virada de humor no exterior e recuou nesta terça-feira (27), enquanto o dólar subiu.

O Ibovespa, das ações mais negociadas, teve queda de 0,82%, para 86.935 pontos. O índice vinha de nove altas seguidas e cinco recordes nominais consecutivos. 

O volume financeiro negociado foi de R$ 9,8 bilhões. Em fevereiro, a média diária está em R$ 13 bilhões.

O dólar comercial fechou em alta de 0,52%, para R$ 3,250. O dólar à vista, que fecha mais cedo, teve avanço de 0,11%, para R$ 3,241.

O mercado financeiro brasileiro acompanhou a mudança de humor no exterior após o primeiro depoimento do novo presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Jerome Powell, ao Congresso americano.

Em testemunho, Powell confirmou que o Fed deve promover aumentos graduais na taxa de juros dos Estados Unidos. Ele vê a inflação no país, que encerrou o ano passado a 1,7%, caminhando em direção à meta de 2% ao ano do banco central americano.

No depoimento, Powell indicou que dará continuidade à política monetária de sua antecessora, Janet  Yellen, que aumentou os juros por três vezes em 2017. O discurso do novo presidente do Fed não teve elementos novos, mas foi suficiente para aumentar o rendimento dos títulos de dívida americana (treasuries), que subiram para 2,9%. 

A alta no rendimento das treasuries, instrumentos considerados seguros, atraem dinheiro aplicado em renda variável, o que costuma provocar turbulências nas Bolsas de Valores. Nos Estados Unidos, os principais indicadores caíram em decorrência do depoimento de Powell. O Dow Jones recuou 1,16%. O S&P 500 teve queda de 1,27%, e o índice da Bolsa Nasdaq se desvalorizou 1,23%.

"Foi um movimento de cautela. O Powell não falou nada de espetacular, só mencionou que a economia americana tem melhorado, o que deve levar o Fed a agir. As possíveis quatro altas que foram cogitadas não devem vir, devem ser três, como no ano passado", diz Vitor Suzaki, analista da Lerosa Investimentos.

A probabilidade de alta de juros nos Estados Unidos para a faixa entre 1,5% e 1,75%, na reunião de março do Fed, está em 88%.

No Brasil, o Tesouro Nacional informou que as contas do governo fecharam janeiro com um superavit primário de R$ 31 bilhões, melhor resultado para o mês desde 1997.

O melhor resultado em 22 anos foi possível devido ao bom desempenho das receitas federais no mês passado. Na comparação com o superavit do mesmo mês do ano passado, a alta foi de 67,8%.  

AÇÕES

Das 64 ações do Ibovespa, 50 caíram e 14 subiram.

A maior queda do dia foi registrada pela Estácio Participações, que caiu 3,96%. A Cosan recuou 3,43%, e a Lojas Renner se desvalorizou 3,37%.

Entre as maiores altas, a CCR recuperou parte da perda de 10% de segunda-feira e subiu 3,30%. A CCR teve o nome envolvido em supostas irregularidades envolvendo contratos da empresa com uma prestadora de serviços de marketing de Adir Assad, delator da Lava Jato.

Segundo o colunista Lauro Jardim, do jornal "O Globo", o delator afirmou que patrocínios que a CCR fechou com essa empresa seriam, na verdade, propina.

O Pão de Açúcar se valorizou 3,03%, e a EcoRodovias subiu 2,76%.

As ações da Petrobras fecharam em baixa, em dia de queda dos preços do petróleo. A commodity caiu pela primeira vez em cinco dias, pressionada pelo dólar e por expectativas de que os próximos dados semanais mostrarão um aumento nos estoques de petróleo dos Estado Unidos.

​As ações preferenciais da Petrobras fecharam em baixa de 0,09%, para R$ 21,50. Os papéis ordinários caíram 0,26%, para R$ 23,12.

As ações ordinárias da Vale recuaram 0,15%, para R$ 47,33.

No setor financeiro, as ações do Itaú Unibanco caíram 1,49%. Os papéis preferenciais do Bradesco tiveram baixa de 1,09%, e os ordinários perderam 0,68%. O Banco do Brasil se desvalorizou 0,98%. As units conjunto de ações do Santander Brasil recuaram 0,97%.

CÂMBIO

O dólar ganhou força ante 28 das 31 principais moedas do mundo, também em reação ao depoimento de Powell ao Congresso dos EUA.

Aqui, o Banco Central concluiu a rolagem dos contratos de swaps cambiais tradicionais (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro) que vencem em março. Foram vendidos 9.100 contratos. O total rolado foi de US$ 6,154 bilhões.

Agora, o próximo vencimento acontece em abril. O total é e US$ 9,029 bilhões, segundo dados do BC, quem tem estoque total de swaps de US$ 23,796 bilhões.

O CDS (credit default swap), espécie de seguro contra calote do país, teve alta de 2,18%, para 153,3 pontos.

Os contratos mais negociados de juros futuros fecharam em alta. Os DIs  para abril de 2018 subiram de 6,604% para 6,606%. Os DIs para janeiro de 2019 tiveram alta de 6,590% para 6,595%.

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