Entidades empresariais analisam retaliação à medida de Trump

Primeira tentativa será a de negociar diretamente com os Estados Unidos

Donald Trump, presidente dos Estados Unidos
Donald Trump, presidente dos Estados Unidos - Leah Millis / REUTERS
Tatiana Vaz
São Paulo

As duas entidades empresariais do setor de aço e alumínio do Brasil, Instituto Aço Brasil e Associação Brasileira do Alumínio, estudam como retaliar a decisão do governo americano de sobretaxar o aço e alumínio importados ao país.

A primeira tentativa será a de negociar diretamente com os Estados Unidos a retirada do mercado brasileiro da lista de países sujeitos à mudança. O argumento será o tipo de relação estabelecida pelos dois.

Enquanto exporta US$ 2,6 bilhões de aço por ano, a maioria reprocessado para fabricação de produtos pela indústria dos Estados Unidos, o Brasil compra US$ 1 bilhão em carvão metalúrgico dos americanos.

"Não fomos poupados, mas podemos negociar. Se vendermos menos [para os EUA], compraremos menos carvão para nossas indústrias, por consequência", disse Marco Polo de Mello Lopes, presidente do Instituto Aço Brasil.

A próxima tentativa será pedir a exclusão das retaliações americanas do segmento de aço reprocessado, incluindo outros países fornecedores, além do Brasil, no pedido. O apelo, afirma Lopes, poderá partir das companhias compradoras de aço brasileiro.

Se nenhum dos dois caminhos vingar, a solução será levar a questão à OMC (Organização Mundial do Comércio). " Tínhamos alguma expectativa que ele retirasse alguns países ou concentrasse algumas medidas na China, mas isso não acontece", diz Milton Rego, da Abal, presidente da Associação Brasileira do Alumínio.

O Brasil é o segundo maior exportador de aço para os Estados Unidos, atrás do Canadá. No caso do alumínio, os países da América Latina são os maiores compradores - compram 10% de tudo o que é produzido, metade do que vai do mercado brasileiro para o americano. 

"Ainda assim, a decisão pode atrapalhar a relação com os demais países, pela concorrência maior pelo mercado de alumínio no mundo", diz Rego. 

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