Gigante formada por Suzano e Fibria não ameaça mercado global, diz presidente

Operação terá ser analisada por órgãos antitruste no Brasil, na Ásia, nos EUA e na Europa

Presidente da Suzano Papel e Celulose, Walter Schalka - Leonardo Benassatto / Reuters
Taís Hirata
São Paulo

A formação de uma gigante da celulose formada pela aquisição da Fibria pela Suzano, não deverá sofrer restrições por órgãos antitruste, afirmou o presidente da Suzano e Celulose, Walter Schalka, nesta sexta-feira (16), em conversa com analistas e jornalistas, em São Paulo. 

“Não entendemos que seja necessário nenhum desinvestimento de ativos. Estamos discutindo sobre um mercado de commodities. Tem muitos players no mundo que fabricam em condições adequadas”, afirmou.

Além do Cade (Conselho Administrativo de Conselho Econômico), a empresa terá que consultar órgãos antitruste em locais como China, Estados Unidos e Europa. “Mas não acredito que haverá problemas.”
O acordo de venda foi firmado nesta quinta (15).

“É a maior empresa de agronegócio do país e a quinta maior empresa não financeira do Brasil”, disse.
Somadas, as companhias terão um valor de de cerca de R$ 83 bilhões (contando com sua dívida líquida), com 11 unidades industriais, produção de 11 milhões de toneladas de celulose por ano e 37 mil funcionários. 

Neste ano, serão investidos R$ 6,4 bilhões – somando os aportes de ambas empresas.

Ainda não há uma estimativa certa para a finalização da operação e tampouco se decidiu sobre o futuro nome da mova companhia, ou se o nome Fibria será mantido.

Em uma primeira etapa, que deverá durar cerca de quatro meses, a empresa deverá tirar seus registros na SEC (equivalente à CVM nos Estados Unidos), mas não há projeção sobre o prazo para a análise dos órgãos reguladores.

Segundo Schalka, a política de preços para os clientes não será afetada pela operação. “Somos sujeitos a uma situação de oferta e demanda do mundo. Quando sobe a oferta, cai o preço, essa dinâmica vai continuar.”

DESALAVANCAR

Uma redução rápida da desalavancagem será prioritária para a empresa nos próximos anos, segundo o presidente. Basicamente, o foco será gerar caixa para reduzir o endividamento. A dívida somada das duas empresas é de R$ 21 bilhões. 

Hoje, a alavancagem está em 3,5 vezes, e a meta é que chegue a 3 vezes –o que deve ocorrer em dois ou três anos, disse Schalka.

O ritmo desse processo, porém, dependerá do preço da celulose no mercado. 

Até lá, não deverão haver aportes para expandir a operação. “Quando [a alavancagem]chegar [à meta], vamos voltar a discutir novos investimentos.”

Há também uma expectativa de sinergias de R$ 8 bilhões a R$ 10 bilhões, no manejo das florestas, em logística (como em rotas marítimas internacionais), suprimentos, entre outras. 

Na nova composição acionária da companhia, o BNDESPar manteria 11,1% de participação. Os maiores acionistas permanecem os membros da família Feffer, donos da Suzano, com 46,4%. A Votorantim ficaria com 5,6%.

Para o presidente do BNDES e candidato à presidência, Paulo Rabello de Castro, a operação “não torna ninguém campeão nacional, mas torna a todos nós gigantes”, disse ele durante o evento. 

A Suzano venceu a disputa com a Paper Excellence para comprar a participação do BNDES na Fibria, apesar de a estrangeira ter feito uma oferta superior.

Segundo o presidente, porém, a proposta da Peper havia sido apenas uma manifestação de interesse –o fechamento com a Suzano, portanto, não teria partido uma comfrontação das propostas, disse ele.

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