Descrição de chapéu Governo Trump Donald Trump

Siderúrgicas querem que governo eleve pressão sob EUA na questão do aço

"A solução agora é o contato com o presidente Trump", afirma representante do setor

Brasília | Reuters

Empresários do setor siderúrgico querem o governo brasileiro pressione os EUA para pedir a exclusão do Brasil da barreira ao aço importado.

Na próxima sexta-feira (23) entra em vigor a sobretaxa de 25% ao aço importado que entrar no mercado americano.

O Brasil é o segundo maior fornecedor dos EUA e será um dos mais afetados pela medida protecionista.

Em reunião nesta terça-feira (20), no Palácio do Planalto, representantes do setor siderúrgico pediram que o presidente telefone para o americano Donald Trump para explicar por que o Brasil deve ser excluído da barreira.

"A solução agora é o contato com o presidente Trump", afirmou Alexandre Lyra, presidente da Vallourec e do conselho do Instituto Aço Brasil (que reúne as siderúrgicas brasileiras).

Noutra frente, também articulada em Brasília, os empresários tentam convencer o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, a organizar uma comitiva de parlamentares a Washington, com o objetivo de sensibilizar o meio político americano.

Um dos argumentos-chave que o setor produtivo sugere ao governo é que as empresas brasileiras geram empregos nos EUA. Segundo Lyra, o investimento nos EUA alcança US$ 11 bilhões. 

"A indústria brasileira de aço gera empregos nos EUA. Gerdau, CSN, Califórnia Steel têm capital nacional e geram empregos nos EUA". 

Outro argumento é que o Brasil exporta um tipo de aço que é reprocessado nos EUA, ou seja, é semiacabado.

"Não roubamos empregos de metalúrgicos americanos, nós fazemos parte da cadeia de fornecimento do aço", afirmou o empresário.

Ele disse ainda que o Brasil deve ressaltar que, nos últimos dez anos, o Brasil teve deficit de US$ 90 bilhões no comércio bilateral, ou seja, comprou mais produtos dos EUA do que vendeu. A cifra alcança US$ 250 bilhões se contar os serviços importados pelo Brasil.

"O Brasil não pode ser acusado de ser um player unfair [concorrente desleal] no comércio com os EUA no caso específico do aço. Temos essa complementaridade", afirmou. 

Lyra afirmou que as empresas já estão fazendo a sua parte. Contrataram um escritório de lobby em Washington, e todas as associadas do Aço Brasil já solicitaram aos seus respectivos clientes que recorram ao Departamento de Comércio para pedir a exclusão do aço brasileiro.

O governo americano abriu a janela para recurso de empresários americanos na segunda-feira (19), com medidas mais duras do que esperava o Brasil.

DEFESA

Ao mesmo tempo, os empresários apresentaram uma agenda doméstica. Pediram que o governo fique atento à entrada excessiva de aço importado no Brasil, em razão do desvio de comércio que ocorrerá com a barreira no mercado americano. 

"O Brasil é um alvo fácil porque é uma grande economia que está em processo de recuperação, então se o mecanismo de defesa não for efetivo, o aço que vai para os EUA virá para cá. Com isso, a retomada que estamos tendo na siderúrgica será impactada", afirmou Lyra.

Por isso, os empresários querem que o governo reveja a suspensão da medida antidumping contra o aço de China e Rússia. A Camex (conselho que reúne oito ministros) reconheceu que existe a concorrência desleal de aço dos dois países mas decidiu não aplicar barreiras, alegando que a entrada maciça havia refluído.

Lyra afirmou, porém, que também estão em risco países para os quais o Brasil vende seus produtos. Por isso, a indústria quer a elevação da devolução de impostos sobre a exportação (via programa Reintegra).

"Com o mercado de aço agora desbalanceado, ou seja, com os EUA fechados e a União Europeia provavelmente fechada, o que resta do mercado mundial de aço, todo mundo vai querer vender nesses países", disse. "Para que a indústria brasileira seja competitiva nesse ambiente mais hostil é fundamental que o Reintegra seja implementado na alíquota de 5%, para manter a competitividade das nossas exportações."

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