A Bolsa brasileira acompanhou a preocupação nos Estados Unidos e fechou em baixa de mais de 1% nesta sexta-feira (13), enquanto o dólar renovou o maior patamar desde dezembro de 2016 e voltou a R$ 3,42, na contramão da desvalorização da moeda americana no exterior.
O Ibovespa, índice das ações mais negociadas, caiu 1,30%, para 84.334 pontos. A queda foi de 0,57% na semana.
O dólar comercial se valorizou 0,58%, para R$ 3,427. É o maior patamar desde 5 de dezembro de 2016. Na semana, subiu 1,75%. O dólar à vista, que fecha mais cedo, subiu 0,66%, para R$ 3,409.
A desvalorização da Bolsa brasileira ocorreu em meio à cautela dos investidores antes da divulgação das primeiras pesquisas eleitorais realizadas após a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A dúvida é sobre o cenário que será mostrado pelas sondagens e se trará a consolidação de um candidato de centro com agenda reformista.
"Há uma expectativa com a movimentação dos partidos políticos. Todo mundo está atento à pesquisa Datafolha que vai sair no fim de semana, que deve mexer com o mercado a partir de segunda", afirma Ignacio Crespo, economista-chefe da Guide Investimentos.
O grande foco vai ser no desempenho do pré-candidato de centro reformista. "O mercado esperava que já houvesse algum nome ganhando fôlego e alguma aliança ou coordenação entre os possíveis nomes que estão sendo ventilados, o que não aconteceu", diz.
Um dos fatores que será acompanhado é a evolução do ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa. "Será importante ver se ele conseguiu ganhar força, em meio a tudo isso que está acontecendo, e se vai mudar o jogo na corrida eleitoral", avalia.
O mercado também ficará de olho para saber se os partidos de esquerda que articulavam uma unificação conseguirão se beneficiar da prisão de Lula. " Achamos que Jair Bolsonaro vai seguir forte, a dúvida é quem vai concorrer com ele, Ciro [Gomes], Barbosa. Tem muito pela frente. Esse é o ponto que mais preocupa", ressalta.
No exterior, continua pesando a ameaça de conflito na Síria por causa de um ataque químico. Nesta sexta, o Departamento de Estado americano afirmou que o país tem provas "em um nível muito alto de confiança" de que o governo sírio executou o recente ataque com armas químicas em Douma.
Os EUA ainda buscam identificar a mistura de químicos usada, complementou.
Já o embaixador da Rússia na ONU, Vassily Nebenzia, disse ao Conselho de Segurança da organização que Estados Unidos, França e Reino Unido querem apenas derrubar o presidente sírio, Bashar al-Assad, e conter a Rússia.
"Nós continuamos a observar perigosas preparações militares para um ato ilegal de força contra um Estado soberano no que constituiria uma violação da lei internacional", disse. "Nós pedimos que a liderança desses Estados reconsidere imediatamente."
AÇÕES
Das 64 ações do Ibovespa, 54 caíram e dez subiram.
A BRF liderou as quedas do índice, ao recuar 4,58%. A Folha noticiou nesta quinta que a disputa pelo controle da empresa virou uma guerra aberta na qual cada integrante do novo Conselho de Administração da empresa será escolhido individualmente em assembleia no próximo dia 26.
A Cielo teve baixa de 3,90%, e o Banco do Brasil se desvalorizou 3,36%.
Na ponta positiva, o Pão de Açúcar subiu 3,50%. A Kroton avançou 0,99% e a WEG teve alta de 0,87%.
As ações da Petrobras fecharam em baixa, enquanto os preços do petróleo no exterior subiram. As ações mais negociadas da estatal caíram 2,21%, para R$ 21,20. Os papéis com direito a voto se desvalorizaram 2,71%, para R$ 23,73.
A mineradora Vale subiu 0,38%, para R$ 44,98.
No setor financeiro, os bancos fecharam em baixa. O Itaú Unibanco caiu 2,32%. As ações preferenciais do Bradesco tiveram baixa de 2,19%, e as ordinárias perderam 2,21%. O Banco do Brasil teve queda de 3,36%, e as units —conjunto de ações— do Santander Brasil recuaram 1,52%.
CÂMBIO
O dólar fechou em baixa ante 16 das 31 principais moedas do mundo.
A depreciação ocorreu após dados mais fracos mostrados pelo indicador de consumo medido pela Universidade Michigan. O índice foi de 97,8 em março, ante expectativa de 100,5 dos analistas.
"Lá fora piorou demais, o dado de sentimento veio muito abaixo do esperado. Essa é a primeira pesquisa que incorpora a sobretaxa imposta pelo presidente Donald Trump. Acabou precificando alguma preocupação do mercado em relação à ameaça de guerra com a China e com a sobretaxa", avalia Raphael Figueredo, sócio-analista da Eleven Financial.
O Banco Central vendeu o lote de 3.400 contratos de swaps cambiais tradicionais (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro). Até agora, já rolou US$ 850 milhões dos US$ 2,565 bilhões que vencem em maio.
O CDS (credit default swap, espécie de termômetro de risco-país) teve alta de 0,84%, para 167,9 pontos.
No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados tiveram resultados mistos. O DI para julho deste ano subiu de 6,279% para 6,284%. O DI para janeiro de 2019 recuou de 6,225% para 6,220%.
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