Taís Hirata
São Paulo

O leilão para contratar novas usinas de energia renovável será realizado nesta quarta-feira (4) com uma expectativa de forte competição e preços baixos, tal como as concorrências realizadas no fim de 2017. 

Serão contratados projetos de fontes solar, eólica, hidráulica e termelétricas a biomassa, que começarão a operar até 2022 e venderão energia ao governo federal por prazos de 20 a 30 anos. 

A realização de dois leilões de energia nova em dezembro do ano passado não foi suficiente para desovar o alto número de empreendimentos que as empresas têm na gaveta. 

Neste certame, foram cadastrados 1.672 projetos. Destes, ao menos 77% já concorreram em 2017. A maior parte deles são usinas eólicas (53,8%) e solares (41,1%). 

O total de contratação do leilão dependerá da demanda das distribuidoras, que ainda não foi divulgada.

"A demanda ainda não é a que gostaríamos, a economia está se recuperando. Mas será um bom leilão, com muita competição", afirmou Paulo Pedrosa, secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, nesta terça (3).

Os últimos leilões surpreenderam pelos preços baixos atingidos. Os deságios médios foram de 54,65%, no primeiro certame, e de 38,7%, no segundo. Com isso, o preço das energias eólica e solar chegaram a patamares históricos. 

No último leilão do gênero (chamado A-4, em que os empreendimentos têm quatro anos para entrar em operação), as fontes chegaram, respectivamente, a R$ 145,68 e R$ 108 por MWh.

No leilão A-6 (entrega com prazo de seis anos), ocorrido também em dezembro, a energia eólica chegou a R$ 98,6. Segundo um investidor que não teve nenhum projeto contratado nas concorrências de dezembro, a expectativa para o leilão desta quarta é forte, mas os deságios ocorridos no ano passado assustaram.

O principal perfil dos vencedores em 2017 foram as grandes multinacionais de energia. Essa foi a principal justificativa para os fortes descontos: as empresas teriam conseguido financiamento fora do país, mais barato, e preços mais baixos com fabricantes de equipamentos, por terem parcerias com eles em projetos em todo o mundo.

Neste leilão, a projeção é que essas companhias —como a italiana Enel e a norte-americana AES— voltem a se destacar. 

Ainda sem a divulgação da demanda das distribuidoras, ainda é difícil traçar projeções sobre o resultado, afirma Rodrigo Sauaia, presidente da Absolar (associação brasileira do setor solar). 

Para ele, há fatores que pressionam pela redução, como a redução do preço dos equipamentos. No entanto, outros sinalizam no sentido contrário, como o aumento da percepção internacional do risco Brasil e mudanças nas condições de financiamento do BNDES. 

Segundo Pedrosa, a expectativa é que os preços baixos se repitam no leilão desta quarta, mas poderão subir nos próximos com a mudança na forma de contratação prevista pelo governo. 

Até agosto, o ministério prevê um segundo leilão de geração A-6, com prazo de entrega de seis anos para as usinas. Nessa concorrência, o governo prevê contratar os projetos por quantidade, ou seja, os geradores passarão a ter risco de sobras ou déficits de energia.

Hoje, a contratação, que é por disponibilidade, prevê uma remuneração fixa ao gerador. 

"Neste leilão, os preços serão bons como no passado, não houve mudança que sinalize algo diferente. Para o futuro, é natural que o preço da energia eólica suba um pouco, mas para acomodar fatores que permitem comparação com outras fontes, e com certeza ainda com uma competitividade extraordinária", afirmou Pedrosa.
 

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