Trump avalia tarifar mais US$ 100 bilhões em importações da China

Valor é o dobro das sobretaxas anunciadas pelo americano até aqui

Presidente dos EUA, Donald Trump - Mandel Ngan / AFP
Estelita Hass Carazzai
Washington

Agora é guerra: o presidente Donald Trump subiu o tom, mais uma vez, contra a China e anunciou nesta quinta (5) que avalia impor US$ 100 bilhões em tarifas adicionais às importações do país.
 
O valor é o dobro das sobretaxas anunciadas pelo americano até aqui —que, somadas, correspondem a quase 30% das vendas chinesas aos EUA.
 
Trump afirmou que ainda está disposto a manter negociações com o governo chinês para obter um acordo sobre o “livre, justo e recíproco” comércio entre os países. Mas declarou que está comprometido a proteger os americanos, e que a China escolheu “prejudicar nossos fazendeiros e industriais”.
 
É o terceiro capítulo de uma batalha aberta entre as duas potências econômicas, que pode ter consequências em todo o mundo, inclusive no Brasil.
 
A briga começou duas semanas atrás, quando o governo dos EUA acusou os chineses de roubarem propriedade intelectual de companhias de tecnologia dos EUA.
 
Trump anunciou tarifas de US$ 50 bilhões sobre importações do país asiático –que respondeu sobretaxando outros US$ 50 bilhões em produtos americanos, como soja, motores e aeronaves, num anúncio feito nesta quarta (4). A medida iria prejudicar em especial o setor agrícola e industrial dos EUA, que foram o principal alvo da retaliação chinesa.
 
No comunicado em que anunciou sua intenção de aumentar as tarifas, o presidente americano afirmou que as medidas tomadas até aqui “não remediaram o mau comportamento” da China, e chamou a retaliação de “injusta”. Já o governo chinês declarou que não seria “colocado de joelhões com ameaças e intimidações”, declarou o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Geng Shuang.
 
Nenhuma das sobretaxas está valendo por ora. EUA e China ainda afirmam que têm a intenção de negociar. Assessores da Casa Branca afirmam que Trump é “o melhor negociador do mundo”, e que ele está aberto a conversar.
 
Mas o presidente tem sido enfático sobre seu desejo de reduzir o déficit comercial dos EUA com os asiáticos –que, no ano passado, foi de US$ 375 bilhões. O republicano argumenta que esse desequilíbrio prejudica a competitividade americana e beneficia majoritariamente a economia da China.
 
Caso não haja acordo, as medidas têm o potencial de alterar o comércio internacional e aumentar, por exemplo, as exportações de soja do Brasil para a China. 

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