Caminhoneiros seguem parados e rejeitam acordos com França e Temer

Manifestantes permanecem na rodovia pela redução do preço dos combustíveis

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São Paulo

Caminhoneiros concentrados no km 280 da rodovia Régis Bittencourt, Embu das Artes (Grande SP), disseram que não houve acordo para o fim da paralisação que completa nove dias nesta terça-feira (29).

Às 11h40 desta terça-feira, a manifestação não dava sinais de arrefecer como acontece na paralisação da rodovia Dutra

Segundo Domingos Jesus Pereira, 52, 35 de profissão, o acordo anunciado pelo governo federal não chegou até eles e pretendem continuar com os caminhões parados na rodovia. "Na televisão os caras tão falando demais, não tá chegando nada para a gente", garante o caminhoneiro.

Pereira disse que não sabe o que está faltando para terminar a paralisação, pois não está acompanhando nada. Ele se reveza desde segunda (21) com outro colega de profissão no protesto.

Quando Pereira, que mora em Santo Amaro, vai para casa dormir, outro caminhoneiro fica no lugar. Segundo ele, tem motoristas que estão dormindo nos caminhões desde segunda.

"Tem um monte caminhoneiros querendo ir embora e não consegue", disse, enquanto tentava se esquentar próximo a uma fogueira que ajudou a acender.

Ao longo das filas de caminhões na rodovia, a reportagem flagrou ao menos outras três fogueiras montadas pelos caminhoneiros. Além de tentar se aquecer do frio de 11 º C da madrugada, alguns deles ficam acordados do lado de fora dos caminhões vigiando para evitar que vândalos se aproximem.

"Agora do jeito que tá tem que ir até o final, senão não resolve nada. Tem que abaixar a gasolina, os mantimentos. Tá muito cara as coisas", falou Pereira.

O caminhoneiro Giovani Rodrigues, 28, com nove anos de profissão, disse que a ordem é continuar o protesto até abaixar o preço dos combustíveis e não apenas do óleo diesel.

Rodrigues, que trabalha para uma empresa de transporte de carga e não estava com o caminhão que costuma dirigir, disse que estava no local para dar apoio e tomar conta dos colegas de profissão que estavam dormindo.

Segundo o caminhoneiro, não tem proprietário de empresa de transporte mandando no protesto e muitos motoristas autônomos estão perdendo dinheiro com os dias parados.

"Dono de caminhão não fica aqui comendo pão com mortadela", falou. 

Acordo com governador

No fim da manhã de terça, a informação de que o governador Márcio França teria chegado a um acordo com os caminhoneiros foi recebida com ceticismo.

Os caminhoneiros reunidos na Régis estão evitando dar entrevistas e falam apenas sob anonimato. Muitos dizem que tem medo de serem apontados como líderes e depois serem presos. No grupo há caminhoneiros que dizem querer deixar a greve, principalmente entre motoristas de veículos de pequeno porte.

Um homem que discursou entre eles defendendo o fim da paralisação foi expulso da região. José Mario inicialmente disse ser motorista, mas depois relatou a reportagem que era criador de galinhas.

Perueiros

Dezenas de perueiros engrossaram a manifestação na Régis Bittencourt por volta das 11h da manhã desta terça.

Raposo Tavares

Um caminhoneiro que não quis ter seu nome divulgado afirmou estar sendo retido na manifestação do km 245 da rodovia Raposo Tavares sob ameaças de agressão e de ter seu veículo destruído.

O motorista disse que 90% dos 300 caminhoneiros que participam do ato estão sendo forçados a ficarem estacionados no pátio do posto Holandês da rede Graal por um grupo de homens que busca a queda do presidente Michel Temer.

De acordo com o relato, três motoristas tentaram fugir, mas foram perseguidos e tiveram que parar em frente à Base de Paranapanema da Polícia Militar Rodoviária para solicitar ajuda, mas sem sucesso.

"Depois de nove dias tentamos seguir viagem, mas 12 homens em quatro carros foram atrás de nós e fizeram com que nós voltássemos. A polícia disse que não conseguiria fazer nada estando fora da base", afirmou o caminhoneiro na tarde desta terça-feira (29).

O homem também disse que solicitou socorro ao serviço de emergência 190, mas lhe informaram que a polícia só poderia intervir após o início das agressões.

 

Paraná

Em um bloqueio no interior do Paraná, próximo a Colorado (PR), também houve relatos de caminhoneiros impedidos de seguir viagem.

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