Os caminhoneiros parados no km 162 da rodovia Dutra bateram boca na manhã desta terça-feira (29) após um grupo reclamar de cansaço e dizer que quer ir embora.
Alguns caminhões e veículos de menor porte conseguiram sair, apesar da pressão da maioria dos manifestantes para ficarem.
Uma carreta que tentou deixar o acampamento às margens da rodovia foi cercada por um grupo que batia na lataria do baú e gritava palavrões para o condutor.
Dois homens com tijolos na mão ameaçaram o motorista de um caminhão que passava pela via e iria desrespeitar a ordem de parada. Não houve danos nem registro de violência.
A dispersão começou no meio da manhã, quando um pequeno grupo se reuniu numa roda para pregar o fim da mobilização. “Dormir no caminhão até vai, mas eu estou passando as noites numa Fiorino há uma semana”, reclamou um homem.
Outros participantes insistiam para que a paralisação continue. Um deles disse que não quer “voltar para casa com a cabeça baixa, feito um covarde, sem atingir os objetivos”.
Logo depois, agentes da PRF (Polícia Rodoviária Federal) passaram pelo local aconselhando os manifestantes a liberarem os motoristas que querem ir embora e a interromper as abordagens na rodovia para reter veículos com carga.
A PRF informou que adotou o procedimento em quatro locais na região onde há bloqueios.
O clima de divisão então ficou mais intenso, com discussões entre os que defendem a permanência e os que querem abandonar o protesto.
“É isso que eles [autoridades] querem, dar um xeque-mate e acabar com a nossa união no final”, protestou um motorista.
Nesse momento, alguns motoristas conseguiram sair do acampamento.
Um dos manifestantes, favorável à continuação do movimento, quase foi detido. Samuel Freire, chefe da PRF em São José dos Campos, disse que o caminhoneiro estava insuflando os colegas contra a corporação, ao dizer que eles não deveriam “abaixar a cabeça só porque três viaturas mandaram”.
Diante de reações contrárias dos homens, Freire desistiu de levar Fernando José Cordeiro, 37.
O representante da PRF orientou para que a saída fosse feita com organização e prometeu colocar equipes nos demais pontos de bloqueio para permitir a passagem e coibir atos violentos contra os desistentes.
Segundo Freire, a corporação recebeu telefonemas durante a madrugada de motoristas retidos que queriam ir embora e diziam serem pressionados a ficar. Alguns, de acordo com a PRF, classificavam a situação como cárcere privado.
“O objetivo é impedir que haja problemas maiores e conflitos entre os próprios caminhoneiros”, afirmou o policial.
Na manhã desta terça-feira, passaram pelo bloqueio caminhões carregados de gás de cozinha escoltados pelo Exército e carretas de combustível acompanhadas pela Polícia Militar.
Polícia escolta desistentes
A Polícia Militar de São Paulo chegou à manifestação na rodovia Dutra por volta das 14h30 desta terça-feira (29), para escoltar caminhoneiros que querem deixar o acampamento.
Caminhoneiros que não quiseram se identificar disseram que quem tentava deixar o local estava sendo hostilizado por outros manifestantes. Um caminhão passou pelo local com pneus furados.
Alguns caminhões usaram a escolta para deixar o local, sob aplausos de uns e gritos de "covarde" de outros.
A PM diz que está fazendo a escolta somente no trecho perto de Jacareí, e que no momento não garante a segurança desses caminhões até seu destino.
Às 16h40, a PM afirmou que mais de 20 caminhões haviam deixado o acampamento.
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