Descrição de chapéu Brasil que dá certo

Câmera dos smartphones ganha novas funções e facilita a vida de idosos

É possível fazer check-in em voo e depositar cheque enviando imagem, sem usar teclado

Marcelo Soares
São Paulo

Os dias em que o usuário precisa repetir diversas vezes a digitação de senhas ou buscas no celular podem estar contados. 

Aplicativos comerciais e de serviços passam a utilizar funcionalidades nativas do smartphone para substituir a digitação. A face mais visível disso são os áudios que os parentes enviam no Whatsapp e a busca por áudio no Google para encontrar coisas e endereços. Agora, a câmera entra em jogo, usando tecnologias de processamento de imagem desenvolvidas no Brasil. 

Tirar uma selfie para embarcar em voos é algo que só existe aqui. Hoje, um a cada quatro check-ins no aplicativo da Gol são feitos por meio de selfie. O passageiro pisca para a câmera e pode escolher seu assento e se dirigir ao portão, caso não precise despachar bagagem. 

Em 2013, Paulo Palaia, diretor de TI da Gol, começou a pesquisar soluções de imagem para agilizar o checkin, sobretudo dos passageiros de primeira viagem. “Muita gente viaja de avião pela primeira vez com a Gol, e nem sempre as pessoas estão habituadas ao localizador de reserva”, diz. Uma foto simplificaria a identificação, mas as primeiras soluções dependiam de câmeras com alto custo. 

Três anos depois da ideia, Palaia conheceu a startup Fullface, que cria soluções de biometria. Seu algoritmo de reconhecimento facial identifica uma pessoa ao mapear 1.024 pontos do rosto e as distâncias deles entre si. E funciona mesmo com imagens feitas por celular. 

Menos de um ano se passou entre os testes iniciais do algoritmo, em setembro de 2016, e o lançamento do produto adaptado ao aplicativo da empresa, em julho de 2017. Segundo ele, o serviço é mais usado por passageiros que nunca voaram antes. 

Já o aplicativo do banco Bradesco já implementou cinco serviços que substituem o teclado por câmera, microfone e até sensor de impressão digital. Além da leitura do código de barras, já comum em diversos aplicativos, hoje o banco permite que um cheque seja depositado por meio de uma foto. O prazo de compensação é o mesmo do cheque físico, e o original deve ser destruído em seguida pelo cliente. 

“Quanto mais fluida a jornada, mais valor o cliente percebe ao utilizar o serviço”, diz Marcelo Frontini, diretor de canais digitais do Bradesco. Segundo ele, essas ferramentas são avaliadas no InovaBra Lab, laboratório que reúne startups e outras empresas parceiras de tecnologia. 

Embora a adoção ainda seja maior pelos mais jovens, o comando de voz para transações é estimado pelos clientes mais idosos. “No caso do depósito de cheque, vários clientes se manifestaram em agências e redes sociais achando curioso poder tirar a foto de um cheque e não precisar entregar na agência”, afirma. 

Uma novidade curiosa em aplicativos de ecommerce é a busca por imagem, que localiza elementos semelhantes ao fotografado. Os algoritmos estão programados para reconhecer padrões de forma e cor, e assim podem identificar produtos parecidos. 

A Renner foi o primeiro ecommerce brasileiro de moda a implementar a busca por imagem, em março. A tecnologia é tão nova que apenas no segundo semestre a rede deve avaliar a eficiência em termos de fechamento de vendas. A ferramenta foi criada internamente usando tecnologia da empresa estrangeira ViSenze, incubada com recursos da japonesa Rakuten.

“As pessoas usam fotos de revistas, prints de Instagram e de sites de moda, além de fotos de vitrines”, diz Ronaldo Magalhães, gerente geral de ecommerce da Renner. 

Como a precisão do algoritmo de inteligência artificial depende da quantidade de exemplos a serem analisados, a busca ainda não é perfeita. Funciona melhor quando a imagem é muito clara e tem o mínimo de elementos externos, como paisagem. “O robô aprende com o uso. Quanto mais buscas forem feitas na plataforma, mais ela se tornará eficiente”, diz Magalhães. 

A busca por imagem tem como uma das suas características certa margem para encontro de semelhanças curiosas. No aplicativo da Renner, quem fotografa uma imagem de camisola pode receber, além de outras camisolas, sugestões de vestidos com comprimento e formato de gola semelhantes aos da peça fotografada. Numa busca de texto, viriam apenas camisolas.

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