SP suspende cobrança de pedágios de eixo elevado em troca de desocupação de rodovias

Governador Márcio França informou que suspendeu a cobrança de multa de caminhoneiros parados

O Governador do Estado de São Paulo, Márcio França, em Araraquara
O Governador do Estado de São Paulo, Márcio França, em Araraquara - Daniel Guimarães/Governo do Estado de São Paulo
São Paulo

O governador de São Paulo, Márcio França (PSB), anunciou um acordo em que caminhoneiros autônomos se comprometeram a desobstruir a rodovia Regis Bittencourt até 21h deste sábado (26) e liberar todas as vias até terça-feira (29) em troca da isenção de pedágio por eixo suspenso.

França disse que desmobilizou a tropa de choque da Polícia Militar, que havia sido deslocada para o Rodoanel para facilitar a saída de caminhoneiros das manifestações impedida por lideranças grevistas. 

Como gesto de confiança, França informou que suspendeu a cobrança de multas de caminhoneiros parados. Segundo a Folha apurou, mais de 500 motoristas foram autuados nas últimas 24 horas. 

Em troca, espera que os caminhoneiros comprovem que têm liderança sobre os grevistas liberando a Régis e na sequência o Rodoanel.

França disse que os autônomos não se sentem representados por sindicatos e por isso a OAB identificou motoristas que pudessem falar pela categoria. A reunião neste sábado no Palácio dos Bandeirantes foi realizada com esses caminhoneiros, que seguiriam para os pontos de paralisação e voltariam à sede do governo às 21h, depois de liberarem a via.

Questionado sobre qual garantia tinha de que negocia com os agentes certos, França disse que “fez uma aposta no bom sentido”. Ele concordou que o presidente Michel Temer se sentou à mesa com entidades de influência restrita na categoria.

“Mas eu falei para eles que é fácil ver se têm controle: desobstrui. Aí eu faço a minha parte”, afirmou França.

Segundo o governador, em telefonema neste sábado, Temer se comprometeu a compensar os R$ 50 milhões mensais ou R$ 600 milhões anuais decorrentes da isenção do pedágio. Para acertar os termos, marcou uma reunião entre o ministro Carlos Marun e França no sábado em São Paulo.

Essa foi a condição imposta por França para acatar a medida, que estava incluída no acordo do governo federal com caminhoneiros.

“Quando tem vontade política, sempre arranja um jeito de encontrar o dinheiro”, afirmou o governador paulista. “O governo federal deu a palavra, eu tenho que confiar, como eles estão confiando em mim.”

A isenção de pedágio sobre o eixo suspenso é uma reivindicação antiga dos caminhoneiros em São Paulo. Agora eles serão poupados da cobrança de pedágio sobre trechos do caminhão que estiverem vazios (quando o pneu não toca no chão).

O governo paulista informou que fiscalizará a aplicação nas bombas do desconto do preço final do combustível confirme fixado pelo governo Temer, que reduziu em 10% o valor do diesel, equivalente a 41 centavos.

Segundo França, a reunião com Marun servirá também para obter garantias cobradas pelos caminhoneiros de que a redução do preço do combustível será repassada ao consumidor final.

O governador disse que garantirá a presença de um quarto representante de caminhoneiros autônomos na Artesp, a agência reguladora do setor. França afirmou ainda que discutirá uma cobrança específica para o caminhoneiro autônomo pessoa física de IPVA em 2019.

"Quem trabalha com frete, hoje em dia, em função do preço do combustível e dos pedágios não está conseguindo minimamente sobreviver. Do jeito que está hoje, eles [caminhoneiros] estão pagando para trabalhar", afirmou França. “Faltava um canal de diálogo.”
 

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