BC e Fazenda montam equipe antiespeculação

Autoridade monetária e ministério informam a Temer que grupo monitora se desvalorização do real resulta de ataque

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Fachada do Banco Central, na Avenida Paulista, em São Paulo (SP)
Fachada do Banco Central, na Avenida Paulista, em São Paulo (SP) - Charles Sholl/Futura Press/Folhapress
Brasília

A volatilidade cambial levou o Ministério da Fazenda e o BC (Banco Central) a criarem uma força-tarefa que monitora diariamente a desvalorização do real para detectar sinais de possíveis ataques especulativos.

Esse foi um dos principais assuntos da reunião do presidente Michel Temer com o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, e o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, ocorrida na quinta-feira (14).

Temer queria saber das medidas que ambos vêm traçando para conter a alta do dólar.

Ilan reforçou que o BC tem à disposição munição de sobra para conter oscilações extremas da moeda americana.

Guardia afirmou que foi criado um grupo entre técnicos da Fazenda e do BC para tentar identificar quanto da variação cambial é natural neste momento e quanto pode ser uma ação coordenada de investidores interessados em ter ganhos especulando com a depreciação do real.

O presidente ouviu ainda que parte da volatilidade se deve às políticas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que está incentivando investidores e a indústria a manterem investimentos no país.

Além disso, o Fed (Federal Reserve, banco central americano) segue numa tendência de elevação dos juros, combinação que está provocando uma debandada de investidores de países emergentes como Brasil, Argentina, Colômbia e Turquia.

Ambos disseram ao presidente que um movimento pode estar acentuando essa tendência de dólar mais alto: a possibilidade de o real estar sendo vítima de grupos de investidores que decidiram apostar que sua perda de valor será um bom negócio.

O grupo de técnicos do BC e da Fazenda, que conversa frequentemente entre si e com representantes do mercado sobre o tema, tem como missão identificar em que medida a disparada do dólar é natural, dadas as circunstâncias.

Esse monitoramento, na avaliação de pessoas que participam das conversas, é fundamental para decidir quais remédios e doses a ser aplicados. Por enquanto, a atuação está sendo feita por venda de dólares pelo BC e realização de leilões de compras de títulos públicos pelo Tesouro.

Se ocorrer um movimento especulativo muito forte, entretanto, a equipe econômica pode recorrer a instrumentos como venda de reservas ou de leilões de linha, que são operações de venda de dólar com compromisso de recompra.

Técnicos ouvidos pela reportagem lembram que o dólar disparou em meio à paralisação dos caminhoneiros, ou seja, quando havia um fato concreto impulsionando a alta excessiva da moeda.

No entanto, mesmo com o fim da paralisação, o dólar continuou a subir, obrigando o BC a vender US$ 20 bilhões em contratos de swap --operação que equivale a vender dólares no mercado futuro.

Isso acendeu a luz amarela sobre a possibilidade de movimentos que não estão amparados em fatos, ou fundamentos, terem sua parcela de culpa pela volatilidade.

Em outras palavras, especulação, ou o que técnicos chamam de disfuncionalidade dos mercados.

A Temer, o presidente do BC ressaltou que não está fora da mesa o uso desses outros instrumentos de controle do dólar. Ilan, no entanto, não disse qual será o patamar para começar a queimar as reservas.

Na quinta, após o dólar voltar a subir a um patamar acima de R$ 3,80, o BC anunciou uma segunda rodada de intervenção mais forte.

Horas após a reunião com Temer, o BC anunciou venda de outros US$ 10 bilhões em swap na próxima semana.

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