Crise tirou três anos de desenvolvimento das cidades brasileiras, diz Firjan

Avanço de 2015 para 2016 foi insuficiente para suprir queda a partir de 2013

Moradores passam por rua de terra coberta de lama em Macapá
Bairro do Perpétuo Socorro, em Macapá (AC), a capital com o pior índice de desenvolvimento do país - Carlos Cecconello - 30.mai.13/Folhapress
Flavia Lima
São Paulo

Um número alto de mortes de crianças por causas consideradas evitáveis, como diarreia, menos de 5% da população em idade ativa com emprego formal ou quase 80% das crianças sem acesso à escola.

Essas são as principais razões que colocam, respectivamente, Ribeirão do Largo, na Bahia, São Bento, no Maranhão, e Porto de Moz, no Pará, entre os dez municípios com o menor índice de desenvolvimento do país em um universo de 5.471 prefeituras, segundo o Índice Geral de Desenvolvimento Municipal, da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), referente a 2016.

Os exemplos mais críticos de desenvolvimento municipal estão todos no Norte ou Nordeste e, nos últimos dez anos, o quadro não se alterou: entre os 500 municípios menos desenvolvidos, 96% deles estão nas duas regiões.

Acesso limitado ao ensino fundamental ou um número de consultas pré-natal inferior a sete, número mínimo requerido, estão entre os problemas mais críticos.

Não são apenas esses municípios, porém, que tiveram avaliação negativa no índice. De modo geral, a recessão econômica iniciada em 2014 custou três anos ao conjunto de municípios brasileiros, que vinha registrando progressos no desenvolvimento desde 2005.

Entre 2013 e 2015, o índice geral de desenvolvimento dos municípios —que avalia os avanços em educação e saúde básicas, além de emprego e renda— recuou 3,1%. Embora o indicador tenha voltado a subir em 2016 (+2,6%), o ganho foi insuficiente para recolocar o índice no pico, registrado em 2013.

Com o avanço de 2016, o indicador geral de desenvolvimento está em 0,6678 ponto, considerado um nível moderado. Em seu conjunto, os municípios deixaram o nível regular em 2008, mas estão longe do 0,8 necessário para atingir um alto desenvolvimento.

CAPITAIS

O índice geral da Firjan se subdivide em três indicadores: saúde e educação básicas dos municípios, como taxa de abandono do ensino fundamental e atendimento pré-natal, além da geração de emprego formal e renda. Todos eles vão de zero a 1 e, quanto mais perto de 1, mais desenvolvido o município.

Entre as capitais com os piores índices de desenvolvimento, Manaus (AM) cedeu lugar a Macapá (AP), que teve forte queda justamente no índice emprego e renda.

A forte crise fiscal faz do Rio de Janeiro um caso particular. A cidade, que era a quinta capital mais desenvolvida em 2013, caiu para o 11º lugar em 2016. Apenas dois municípios do estado apresentam alto nível de desenvolvimento (Itaperuna e Nova Friburgo). Em 2013, eram 15.

As paulistas Louveira, sede de multinacionais, Olímpia, destino turístico, e Estrela do Norte, cujas obras de urbanização foram eficientes na geração de empregos mesmo na crise, despontam como os municípios mais desenvolvidos do país.

Florianópolis (SC) lidera o ranking das capitais, seguida por Curitiba (PR) e São Paulo. Destoando dos municípios nordestinos, Teresina (PI) aparece em quarto lugar na listagem. João Pessoa (PB) e Boa Vista (RR) também chamam a atenção ao aparecer entre as 15 capitais mais desenvolvidas do país.

Impulsionado pelo agronegócio, o Centro-Oeste mais do que dobrou sua participação entre os 500 municípios mais desenvolvidos nos últimos dez anos. Em 2016, 7% das 500 prefeituras mais desenvolvidas eram da região.

Com economias bastante diversificadas, o Sul também aumentou a sua participação no grupo dos 500 melhores, de 29% para 41%. Já a fatia do Sudeste no grupo caiu de 68% para 41%.

O índice reúne 5.471 municípios e exclui aqueles criados há menos de três anos, os sem nota do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) e aqueles com menos de dez empregados na administração pública.

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