Descrição de chapéu Consumo Consciente

Levantamento quantifica "efeito segunda mão" em carbono

O cálculo é de organização sueca com estatísticas de empresas do grupo da OLX

Mara Gama
São Paulo

Cerca de 5,7 milhões de toneladas de gases do efeito estufa (CO2) e 345 mil toneladas de plásticos deixaram de ser emitidos em 2017 por obra da economia de segunda mão no país.  Essa economia equivaleria a parar todos os carros do Brasil por 10 dias. Ou à produção de 22 milhões de sofás. As contas foram feitas por um estudo encomendado pela OLX, a maior plataforma de comercialização de usados por aqui.  

Realizado pelo instituto sueco de pesquisa ambiental, o IVL, o levantamento contabiliza as emissões de gases que teriam resultado da produção de um produto novo e do gerenciamento de resíduos dele decorrentes, mas que foram comercializados através da ferramenta. Assim, calcula a economia de impacto ambiental que esse setor proporcionou.

Andries Oudshoorn, diretor-executivo da OLX
Andries Oudshoorn, CEO da OLX - Divulgação

A OLX atua no Brasil há 8 anos. Com a pesquisa "Second Hand Effect" quis tornar mais palpáveis os dados de transações virtuais desse mercado.

Foram analisadas informações dos dez dos mercados do grupo Schibsted no mundo: Vibbo na Espanha, Leboncoin na França, Subito na Itália, Jófogás na Hungria, Blocket na Suécia, Finn na Noruega, Tori na Finlândia, Avito no Marrocos, OLX no Brasil e Segundamano no México. A soma de todos esses mercados significou uma economia de 21,5 milhões de toneladas de gases de efeito estufa e 1,2 milhões de toneladas de plástico. Esse montante seria como suspender o tráfego da cidade de Oslo (Noruega) por 43 anos e a produção de 169 bilhões de sacolas plásticas. 

Para Andries Oudshoorn, CEO da OLX no Brasil, os dados da pesquisa tornam "mais consistentes" as percepções que a empresa já tinha sobre a economia causada pela operação, mas que nunca tinha sido colocada em números.

Segundo ele, medir o impacto serve para mostrar que, além do ganho financeiro, esse mercado é uma opção ambiental. "Os países que têm maior cultura de compras de usados têm população mais rica. A questão financeira conta, mas o principal é a consciência de que é mais sustentável para o meio ambiente", diz.

O executivo diz que o crescimento da empresa no Brasil mostra uma modificação do consumo. As operações mais realizadas são de compras de carros e eletrônicos, mas está crescendo a comercialização de outros itens caros e de uso efêmero, como carrinhos de bebê. "As pessoas já entenderam que faz muito mais sentido comprar e vender usados os itens que têm uso restrito", diz.

CÁLCULO 

Para calcular o "efeito de segunda mão", foram feitas análises de ciclo de vida de diferentes produtos e contabilizados as emissões de gases de efeito estufa geradas pela extração de matérias-primas, produção de materiais e gerenciamento de resíduos.

Um sofá, por exemplo, tem cerca de 30% de madeira, 11% de aço, 18% de polipropileno, 20% de poliuretano, 10% poliéster, 7% de algodão, 3% de couro, 1% de lã. Para o cálculo das emissões, também foram considerados o impacto do transporte de mercadorias entre vendedor e comprador. 

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