Uruguai se opõe a Brasil e Argentina em acordo com União Europeia

Diante do impasse, ministros sugerem que bloco priorize o retorno de negociações com a China

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O presidente Michel Temer embarca rumo a Assunção, no Paraguai
O presidente Michel Temer embarca rumo a Assunção, no Paraguai - Cesar Itiberê/Folhapress
Luque (Paraguai)
A continuidade das tratativas com a União Europeia para a assinatura de um acordo comercial opôs membros do Mercosul na cúpula de presidentes dos países do bloco, nesta segunda-feira (18), na região metropolitana de Assunção, no Paraguai.
 
De um lado, Brasil e Argentina fizeram a defesa de prosseguimento das negociações que já se arrastam há 20 anos, frente a um Uruguai crítico à aliança e a favor da retomada de conversas em bloco com a China. 
 
Reservadamente, autoridades dos dois maiores países do bloco afirmam que para fechar o acordo com a União Europeia é necessário apenas o ajuste de questões políticas.
 
“Não estamos obrigados a perder tempo em negociações eternas”, afirmou o presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, em sua fala na cúpula. “Precisamos de capacidade técnica, mas acompanhada de vontade política real”, acrescentou.
 
Vázquez comparou acordo da União Europeia com o Japão, que levou, segundo ele, um ano. “Quando se quer, se pode.”
 
Ao falar, logo depois do uruguaio, Temer rebateu e defendeu a associação com os europeus. “Se me permite a ponderação, acho que não devemos abandonar a ideia dessa aliança do Mercosul”, afirmou o brasileiro. 
 
“Nós sabemos que na política econômica nem tudo se resolve de um dia para o outro ou de um ano para o outro. É provável que alguns países tiveram, quem sabe, rapidez para fazer essas composições”, comparou Temer.
 
O discurso da vice-presidente argentina, Gabriela Michetti, seguiu a mesma linha de Temer.
 
No fim do encontro, o Mercosul divulgou um comunicado em que citam “importantes esforços” no âmbito das negociações da União Europeia “para a assinatura de um Acordo de Associação Birregional, demonstrando seu compromisso e vontade integracionista em cada etapa do processo, especialmente desde outubro de 2016, oportunidade em que ambos os blocos decidiram intercambiar ofertas de acesso a mercados”.
 
A reunião desta segunda marca a transferência da presidência pro tempore (rotativa) do bloco do Paraguai para o Uruguai e foi antecedida de discussões econômicas e comerciais entre os países membros e associados.
 
Neste domingo (17), os chanceleres dos países membros também discutiram sobre a falta de avanço na tentativa de negociação de um acordo com a União Europeia. Aloysio Nunes, ministro das Relações Exteriores brasileiro, minimizou o problema.
 
Diante do empasse, os ministros Jorge Faurie (Argentina) e Rodolfo Nin Novoa (Uruguai) sugeriram que o bloco priorizasse o retorno de negociações com a China. 
 
Temer chegou nesta segunda às 10h na sede da Conmebol em Luque, cidade vizinha a Assunção, onde acontece o evento. Foi recebido pelo presidente do Paraguai, Horacio Cartes.
 
Mauricio Macri, da Argentina, enfrenta uma crise econômica que levou a uma série de demissões no governo e faltou à cúpula.
 
O Mercosul, atualmente, tem como membros efetivos Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. A Venezuela está suspensa do bloco e a Bolívia é um país em processo de adesão.
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