Os trabalhadores da Amazon na Alemanha entraram em greve na terça-feira (17), o que agrava os problemas que afligem o Prime Day (maior evento promocional da empresa no ano), depois de ações trabalhistas na Espanha e de quedas no site da companhia nos Estados Unidos.

Entre 2,5 mil e três mil dos 16 mil trabalhadores da empresa em seu maior mercado fora dos Estados Unidos se recusaram a trabalhar, de acordo com o sindicato Verdi, que representa trabalhadores do setor de serviços alemão. A empresa estimou o número de grevistas em algumas centenas.

As greves na Europa são o mais recente problema para o Prime Day, um evento mundial da Amazon que oferece descontos durante 36 horas. Problemas técnicos prejudicaram o site da companhia nos Estados Unidos pouco depois que começou a promoção, na segunda-feira, e o site Downdetector, que acompanha a disponibilidade de sites de internet, registrou o domínio Amazon.com como inacessível em diversas áreas das costas leste e oeste dos Estados Unidos.

Os armazéns da Amazon na Europa vêm sendo objeto de protestos de trabalhadores há muito tempo, e de preocupações com condições inseguras de trabalho, especialmente na Alemanha, onde as leis trabalhistas são mais severas do que em muitos outros mercados.

"[A greve alemã] gira em torno de salários e faixas salariais, e em torno de saúde e segurança", disse o Verdi. "É um trabalho que exige muito em termos físicos e psicológicos".

Os empregados dos centros de distribuição da companhia na maior economia da zona do euro realizaram diversas paralisações em 2013 e 2014, protestando por melhores salários e condições de trabalho. O Verdi, o segundo maior sindicato da Alemanha, quer que a Amazon aceite um acordo coletivo de trabalho e que os trabalhadores de suas centrais de distribuição sejam reclassificados como trabalhadores do varejo —o que lhes daria direito a salários mais altos.

A empresa também está sendo criticada na imprensa alemã, que costuma ser muito mais simpática aos trabalhadores do que a mídia de outras grandes economias, depois que um documentário mostrou seguranças da Amazon maltratando trabalhadores temporários estrangeiros. A empresa que fornecia os seguranças teve seu contrato cancelado pela Amazon.

A Amazon tem 11 centrais de distribuição na Alemanha. O desemprego no país está em seu nível mais baixo desde a reunificação entre o oeste e o leste, em 1990, o que resultou em aumentos generosos de salários para os trabalhadores alemães este ano.

A Amazon insiste em que é um empregador "justo e responsável". A empresa afirmou que "acreditamos em melhora continuada em toda a nossa rede e mantemos diálogo aberto e direto com nossos colegas... [e] oferecemos condições de trabalho seguras e positivas".

A empresa acrescentou que o Prime Day era "um dia épico, com nossas melhores ofertas".

A greve alemã surgiu um dia depois que o pessoal da companhia na Espanha abandonou o trabalho.

A Confederación Sindical de Comisiones Obreras, uma central sindical espanhola, anunciou que a maioria dos trabalhadores da Amazon no maior armazém da empresa no país, perto de Madri, havia se recusado a trabalhar em protesto contra mudanças no acordo coletivo de trabalho, e que só 80 empregados estavam em seus postos no primeiro dia da promoção.

"Em 2016, o acordo coletivo da empresa expirou", disse o sindicato. "Depois de negociações absurdas, a empresa decidiu unilateralmente adotar uma convenção coletiva setorial, o que mudou as condições de trabalho de muitos empregados".

A Amazon também contestou os números da central espanhola, afirmando que "a maioria" dos 1,4 mil empregados que trabalham no armazém estava presente na segunda-feira. A empresa tem cerca de dois mil funcionários em seu serviço de distribuição e processamento de pedidos na Espanha.