OCDE culpa grandes empresas de tecnologias por lento crescimento salarial

Ganhos de produtividade na maioria das economias não mais se traduzem em salários mais altos

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Paris | Reuters

Grandes empresas de tecnologia com rápido crescimento estão assumindo uma crescente participação na renda nacional em muitos países, deixando o crescimento geral de salários dos trabalhadores reprimido, informou nesta quarta-feira (4) a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

O desemprego na maioria dos países que integram a entidade retornou aos níveis pré-crise, mas o crescimento dos salários ainda não, embora as condições de muitos mercados de trabalho tenham se tornado mais apertadas que antes, disse a entidade no evento anual Employment Outlook.

Um legado da crise econômica global de 2008-2009 é que muitos trabalhadores foram forçados a aceitar empregos com remuneração mais baixa depois, o que pesou sobre o crescimento dos salários em geral.

Outro fator em jogo, segundo a OCDE, é que os ganhos de produtividade na maioria das economias não mais se traduzem em salários mais altos para todos os trabalhadores como acontecia no passado.

Os motivos para o lento crescimento da remuneração no pós-crise são tema de grandes debates econômicos nos últimos anos, enquanto mercados de trabalho mais fortes no passado motivavam salários maiores e, portanto, inflação mais alta.

A OCDE sugeriu que as chamadas empresas "superfamosas" podem ser parcialmente culpadas pelo fraco crescimento dos salários, que desacelerou, em média, para 1,2% nos países membros do grupo depois de descontada a inflação, de 2,2% antes da crise.

Conforme a entidade, boa parte do aumento de produtividade é gerada por um pequeno número de empresas inovadoras que investem massivamente em tecnologia, mas empregam poucos trabalhadores em relação a outras companhias mais tradicionais.

Como resultado, a participação geral da renda nacional indo aos trabalhadores, em vez dos investidores, caiu em média na OCDE, liderada por Estados Unidos, Irlanda, Coreia do Sul e Japão.

Na avaliação da OCDE, por enquanto não há evidência de que o surgimento de empresas superfamosas estava criando forças anticompetitivas, embora também não se descarte essa possibilidade como um risco futuro.

"Um desafio importante para regulação do mercado de produtos e política de competitividade no futuro será impedir que os participantes dominantes emergentes se engajem em práticas anticompetitivas", disse a OCDE.

Em vez de recomendar uma postura antitruste, como alguns políticos nos EUA propuseram, a OCDE informou que um modo de ajudar os trabalhadores seria conceder melhores habilidades e educação. A entidade também disse que a negociação coletiva entre representantes de trabalhadores pode ajudar a reduzir as desigualdades salariais.

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