O PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 0,2% no segundo trimestre do ano em comparação ao trimestre anterior, segundo informou o IBGE nesta sexta-feira (31).
Seus principais componentes mostram, no entanto, que a economia perdeu força. Entenda as razões.
Mercado de trabalho
- A taxa de desemprego divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) caiu pouco no período de um ano, atingindo diretamente o consumo da população
- A taxa de desemprego saiu de 12,8% entre maio e julho de 2017 para 12,3% em igual período deste ano, baseada na criação de empregos informais. O mercado formal, no entanto, tem mostrado piora do fim de 2017 para cá
- Cálculos do Itaú Unibanco mostram que o ritmo mensal de criação de vagas formais caiu de cerca de 40 mil vagas ao mês no fim do ano passado para cerca de 4 mil vagas mensais em junho
Governo sem capacidade para investir
- Em meio às restrições fiscais, o governo não tem dinheiro para investir e os gastos com investimentos, cruciais para a retomada da economia, estão no piso
- Os investimentos do governo caíram 32% no ano passado, para um total de R$ 46,2 bilhões, não se recuperaram neste ano e o Orçamento de 2019 tem corte de 12% nos investimentos
Incerteza eleitoral
- Há dúvidas sobre se o governo eleito implementará as reformas consideradas necessárias para o ajuste das contas públicas e a retomada do crescimento, como a reforma da Previdência
- Diante das incertezas é mais difícil comprar, se endividar e também investir
Confiança dos empresários não reage
- Se o governo não tem dinheiro para investir, os empresários não se sentem confiantes para tal, afetando investimentos totais na economia e a trajetória da indústria. Segundo a FGV (Fundação Getulio Vargas) o Índice de Confiança Empresarial ficou estável em agosto em 96 pontos, nível abaixo da neutralidade (100 pontos)
- Afetada pela paralisação dos caminheiros, cenário externo incerto e dúvidas sobre o quadro eleitoral, a confiança dos empresários está num patamar baixo, sugerindo que a economia continua reagindo muito lentamente
Paralisação dos caminhoneiros
- Os protestos do fim de maio e seus efeitos retiraram 0,3 ponto percentual do PIB do segundo trimestre, segundo cálculos do Itaú Unibanco. Segundo o economista do banco, Artur Passos, a perda veio de tudo o que deixou de ser transportado e produzido no período
- Para além desses efeitos mensuráveis, é possível que a paralisação tenha ajudado a deprimir a confiança das empresas
Piora das condições financeiras
- Problemas econômicos em outros mercados emergentes, como Argentina e Turquia, além da alta dos juros americanos, fazem com que investidores retirem recursos do Brasil para economias consideradas mais seguras
- Isso somado às incertezas eleitorais tem causado a desvalorização do real (o que pode pressionar a inflação), alta dos juros futuros (tornando empréstimos mais caros) e queda de ações brasileiras
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