Presidente do BC americano defende altas de juros em meio à economia forte

Declaração de Jerome Powell alivia aversão a risco nos mercados globais

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Nova York

O presidente do banco central americano, Jerome Powell, mandou um recado nesta sexta-feira (24) ao republicano Donald Trump e defendeu a política de aumento gradual de juros nos Estados Unidos diante de uma economia em forte expansão.

As declarações, feitas no simpósio econômico anual em Jackson Hole, Wyoming, foram acompanhadas de perto pelo mercado financeiro e tiveram reflexo no câmbio.

Às 12h25 (horário de Brasília), o dólar recuava 0,84% ante o real, para R$ 4,089, num movimento também de devolução após sete pregões de alta. Lá fora, o dólar perdia para 27 das 31 principais divisas do mundo.

Powell disse que espera uma gradual, porém firme, política de aumento de juros enquanto o Federal Reserve (Fed) busca equilibrar o crescimento econômico com pressões inflacionárias e eventuais efeitos colaterais decorrentes da expansão americana.

O presidente do Fed afirmou que a trajetória iniciada pelo banco central em dezembro de 2015 não deve ser alterada, considerando que não há mudanças significativas nas tendências econômicas.

“Eu vejo o caminho atual de aumentar as taxas de juros gradualmente como a abordagem de levar a sério os dois riscos”, afirmou.

Ele mencionou a ata da última reunião de política monetária do Fed, divulgada nesta quarta, que indica que se o crescimento forte na renda e no mercado de trabalho continuar, aumentos adicionais graduais na faixa de juros estipulada pelo banco central devem ser apropriadas.

Desde dezembro de 2015, o Fed já elevou sete vezes os juros nos EUA. Neste ano, foram duas altas, e mais duas são esperadas pelo mercado —uma na reunião de setembro e outra na de dezembro.

O presidente do Fed (banco central dos EUA), Jerome Powell - AFP

Para Powell, as condições atuais da economia validam a abordagem do Fed.

“A economia está forte. A inflação está perto de nossa meta de 2% ao ano, e a maioria das pessoas que buscam emprego estão achando”, acrescentou.

Ele diz que monitora, assim como outros membros do Fed, os dados econômicos divulgados para calibrar a política monetária de forma a apoiar o crescimento continuado, um forte mercado de trabalho e a inflação em torno da meta de 2% ao ano.

Sobre a inflação especificamente, Powell disse que se as expectativas se mostrarem desancoradas, o Fed deveria “fazer o que for preciso” para controlar o problema. Mas ressaltou que nada sugere que isso esteja ocorrendo no momento presente.

“Com a sólida confiança das famílias e empresários, níveis saudáveis de criação de emprego, aumento da renda e a chegada de estímulos fiscais, há boa razão para esperar que essa performance forte [da economia] vai continuar”, ressaltou.

A declaração é uma resposta às críticas feitas pelo presidente americano à política monetária do Fed, embora Powell não tenha citado o republicano no discurso.

Trump já atacou a política monetária do Fed publicamente em três ocasiões, rompendo com uma tradição de anos em que os presidentes americanos procuraram garantir a independência do banco central.

No último dia 20, ele disse não estar animado com Powell por causa do aumento de juros. Em julho, foram duas declarações nas quais Trump afirmou que a alta feria a economia americana e conflitava com os esforços do governo para impulsionar o crescimento dos EUA.

BOLSAS

O principal índice acionário da bolsa paulista B3 operava em alta nesta sexta-feira, com menos aversão a risco no exterior e após as quedas recentes.

Às 12h25, o Ibovespa subia 0,92%, a 76.324,93 pontos, após cair 1,65% na quinta-feira. O giro financeiro era de R$ 2,19 bilhões.

Wall Street operava no azul, amparado nos ganhos de ações de empresas do setor de energia, com o S&P 500 mostrando ganho de 0,50%.

"Em dia de alta de commodities no exterior, influenciados também por dólar mais fraco e manutenção do tom de alta gradual de juros pelo Fed, e com preços das ações atrativos a estrangeiros, temos até o momento um dia tranquilo, com recuperação após perdas recentes", disse o analista da Lerosa Investimentos Vitor Suzaki à agência de notícias Reuters.

Com Reuters

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