Economista de Alckmin não descarta privatizar Caixa Econômica Federal

Persio Arida diz que subsídio do diesel tem que terminar

Flavia Lima
São Paulo

Responsável pelo programa econômico de Geraldo Alckmin (PSDB), o economista Persio Arida tocou em dois temas delicados nesta sexta-feira (21), em São Paulo: disse que o subsídio dado ao diesel tem que acabar e não excluiu a possibilidade de privatizar a Caixa Econômica Federal. 

Ao falar de privatizações num futuro governo Alckmin, Arida excluiu apenas a Petrobras e o Banco do Brasil. "Não quero falar sobre Caixa", disse.  

Entre as prioridades, citou a venda da Eletrobras e suas subsidiárias, os Correios, além da atuação "firme" na quebra de monopólios.

"Temos que privatizar refinarias e redistribuição, mas se isso for feito para uma única empresa privada é transferência de monopólio público para privado", disse ele. 

Economista Persio Arida
Persio Arida diz que subsídio do diesel tem que terminar - Pedro Ladeira/Folhapress

A questão, afirmou Arida, é decidir como vender o ativos e se vai ser necessário cindi-los previamente ou não. 

Arida disse também que o subsídio dado ao diesel está com os dias contados. "Ele tem que terminar, não tem discussão a respeito", afirmou. 

Segundo ele, o que precisa ser pensado é o critério para o reajuste de combustíveis e, nesse sentido, haveria a necessidade de suavizar as oscilações dos preços dos derivados de petróleo, oferecendo uma espécie de compensação por meio de impostos. 

"Quando o preço de petróleo e o câmbio subirem muito, a carga tem que cair. Quando os preços caírem, a carga tributária sobre os derivados sobe. E como a carga é federal e estatual é preciso acordo com os estados." 

Arida também explicou melhor a proposta de Alckmin de criar um programa de crédito subsidiado para microempreendedor. "Para as regiões mais pobres, eu não tenho nada contra, mas no momento em que o Brasil tiver superávit", disse ele. As contas públicas apresentam déficit de 2014 e a previsão é que o quadro não se altere pelo menos até 2019. 

Arida falou ainda que a vinculação do salário mínimo aos benefícios da Previdência precisa ser revista, acompanhando a produtividade, e que os 197 programas sociais hoje existentes precisam passar por um pente fino, concentrados em um único ministério.  

Arida defendeu mandato fixo aos diretores do Banco Central e disse que Alckmin já prometeu há seis meses manter o atual presidente do BC, Ilan Goldfjan, e sua esquipe.

SPC 

Arida negou um programa similar ao de Ciro Gomes (PDT) para ajudar a retirar o nome de inadimplentes do cadastro negativo, mas reconheceu que a promessa impulsionou a candidatura do pedetista. 

"Com a anistia, no dia seguinte o spread bancário [a diferença entre o custo de captação dos bancos e os juros cobrados do consumidor] aumenta. E ainda diminui o valor dos bancos públicos no qual o Tesouro é acionista. O Brasil precisa parar com essa história de Refis, de anistia", afirmou.  

Para Arida, a criação de um cadastro positivo ajudaria na queda do spread, assim como uma lei de garantias para empréstimos, o fim do crédito dirigido, a redução do crédito subsidiado e a diminuição de exigências para bancos estrangeiros entrarem no Brasil.  

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