Em meio à guerra comercial, republicanos são os mais favoráveis ao comércio exterior

Apoio a laços comerciais entre eleitores do partido de Trump é de 81%, contra 71% entre democratas

Filipe Oliveira Heloísa Negrão
São Paulo

Em meio à guerra comercial aberta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que impôs tarifas a importados da China, ataca a OMC (Organização Mundial do Comércio) e pressiona por mudanças no Nafta ( Acordo de Livre Comércio da América do Norte), são justamente os eleitores de seu partido os mais abertos ao comércio exterior.

Pesquisa do instituto americano Pew Research Center divulgado nesta quarta-feira (26) mostra que 81% dos eleitores do partido republicano afirmam acreditar que manter laços comerciais com outros países é bom.

Entre os democratas, o percentual dos que têm essa mesma opinião é de 71%.

Na pesquisa anterior, realizada em 2014, as opiniões entre os grupos eram mais próximas. Entre republicanos, 69% eram favoráveis ao comércio internacional, enquanto, entre democratas, eram 71%.

De modo geral, o apoio ao comércio exterior entre americanos cresceu em quatro anos. Foi de 68% em 2014 para 74% em 2018.

O crescimento do apoio de americanos à manutenção de laços comerciais contrasta com as ações de Trump, eleito em 2016 com discurso em muitos momentos crítico à globalização.

Sob o argumento de que, dessa forma, protegeria empregos nos Estados Unidos, Trump vem se engajando em uma guerra comercial com a China que tem levado a seguidas taxações de produtos importados de ambos os lados.

A visão de que manter relações comerciais com outros países destrói empregos e diminui salários também perdeu força no país nos últimos anos.

Em 2014, 50% dos americanos diziam acreditar que o comércio exterior fechava postos de trabalho, enquanto 20% disseram que ele criava vagas.

A curva se inverteu e, em 2018, 36% disseram que a relação comercial com outros países cria empregos e 34% que destrói.

Além disso, há quatro anos 45% dos americanos afirmaram que o comércio exterior diminui salários. Agora, apenas 31% sustentaram a mesma opinião.

Já os que afirmaram que ele aumenta os ganhos dos trabalhadores saltaram de 17%, antes, para 31% agora.
 

O estudo não se limitou os Estados Unidos. Foram ouvidas 30 mil pessoas em 27 países, entre maio e agosto deste ano.

O instituto aponta no relatório que, de modo geral, a maioria das pessoas afirma que o comércio internacional é bom quando avalia o tópico de modo amplo, mas aponta poucos ganhos causados por ele quando vê seus efeitos em separado.

Além disso, existe maior prevalência de apoio ao comércio exterior entre os mais escolarizados, os que ganham mais e os que estão otimistas em relação à economia.

Considerando apenas as economias desenvolvidas, 47% veem relação positiva entre comércio exterior e criação de empregos. Já nos países em desenvolvimento a visão é ainda mais favorável: 56% afirmam que ele gera emprego.

Nos países desenvolvidos, 88% dos entrevistados se disseram favoráveis ao comércio exterior. A percepção favorável é maior nessas economias do que nos países emergentes (83%) e nos Estados Unidos, quando visto em separado (74%).

BRASIL

Já no Brasil, 72% dos entrevistados veem o comércio exterior como positivo —abaixo da média dos emergentes.

Segundo o relatório, 40% dos brasileiros dizem que ele gera empregos, 32% que ele eleva salários e 14% que ele diminui os preços no mercado.

A maior preocupação dos brasileiros é em relação aos preços —50% dizem que o comércio exterior leva a elevação deles no mercado.

Além disso, 26% dizem que ele destrói empregos e 20% que ele gera diminuição dos salários.

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.