Investidores digerem pesquisas e dólar cai para R$ 4,13

Bolsa registra forte alta em dia marcado por vencimento de opções

Anaïs Fernandes
São Paulo

Após oscilações no pregão, o dólar conseguiu se firmar em baixa ante o real nesta segunda-feira (17), com ambiente mais tranquilo no exterior e sem grandes novidades no cenário político.

O dólar comercial recuou 0,98%, para R$ 4,126. Na máxima, perto da abertura, bateu R$ 4,205, repercutindo avanço da esquerda na corrida presidencial, captado pelo Datafolha de sexta-feira (14).

Na mínima foi a R$ 4,118, já próximo do fechamento, após o mercado absorver a publicação de outras duas pesquisas ao longo do dia.

"O mercado continua muito nervoso e está reagindo a qualquer notícia, ou até à falta dela, demonstrando que pode estar um pouco perdido nessa leitura dos sinais políticos", diz  Robério Costa, economista-chefe do Grupo Confidence.

Nesta segunda, pesquisa CNT/MDA, da Confederação Nacional do Transporte, mostrou crescimento nas intenções de voto a Jair Bolsonaro (PSL), de 18,3% em agosto para 28,2% agora. O deputado federal continua na liderança segundo o levantamento.

Ele é seguido por Fernando Haddad (PT), com 17,6%, e Ciro Gomes (PDT), com 10,8%. 

O candidato do PSDB e preferido pelo mercado, Geraldo Alckmin, é o quarto colocado, com 6,1% das intenções de voto. Ele aparece tecnicamente empatado com Marina Silva (Rede), que tem 4,1% —a margem de erro da pesquisa é de 2,2 pontos percentuais, com 95% de nível de confiança.

Levantamento do banco BTG Pactual também mostrou nesta segunda Bolsonaro na liderança e avançando —de 30% das intenções de voto na pesquisa anterior para 33%—, seguido por Haddad (de 8% para 16%) e Ciro (de 12% para 14%), empatados na margem de erro de dois pontos percentuais.

"Com o crescimento da candidatura de Fernando Haddad do PT e a manutenção de Ciro Gomes (PDT) nos mesmos patamares, parece que tem encurtado o campo para os demais candidatos irem ao segundo turno", afirmou o BTG em nota a clientes.

"Alckmin mais uma vez ficou parado, não dando ânimo a quem aguardava uma tendência de alta", acrescentou. No levantamento, o tucano variou dentro da margem de erro de 8% para 6%.

Especialistas destacam, no entanto, que os números desta segunda não mostram tendências muito diferentes das relevadas pelo Datafolha, em que Bolsonaro liderava com 26%, seguido por Haddad (13%), numericamente empatado com Ciro.

Para Ribamar Rambourg, coordenador da área de análise política da Genial Investimentos, as pesquisas do BTG e da CNT confirmam a leitura a partir do Datafolha de que "a facada no Bolsonaro foi uma facada eleitoral no PSDB", em referência ao ataque sofrido no dia 6 pelo capitação reformado do Exército.

"O ataque a Bolsonaro não gerou uma comoção generalizada, mas ajudou a consolidar seu eleitorado. Ele vinha sendo alvo do PSBD e acabou poupado por alguns dias. Enquanto isso, Alckmin está em um processo de enxugamento de votos que não sei se é possível reverter", afirma.

Rambourg destaca, no entanto, que a rejeição a Bolsonaro continua alta. "Não sei como ele vai lidar com isso num eventual segundo turno", diz.

O analista vê ainda espaço para crescimento de Haddad. "Parece que caminhamos para um segundo turno entre Bolsonaro e Haddad, que surpreendeu com a trajetória rápida de absorção de votos. Muita gente ainda não o conhece, o que dá ao petista potencial de crescer."

No exterior, o dólar perdeu força ante 23 das 31 principais divisas globais. Investidores mantinham a cautela com a guerra comercial entre Estados Unidos e China. O presidente americano, Donald Trump, deve anunciar após o fechamento dos mercados tarifas de US$ 200 bilhões a produtos chineses.

BOLSA

O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas no Brasil, teve forte alta de 1,8%, para 76.788,85 pontos, impulsionado pelo dia de vencimento de opções sobre ações —data limite para investidores decidirem se exercem ou não o direito de compra de papéis adquirido por contrato.

O giro financeiro somou R$ 12,3 bilhões, inflado pelo exercício de opções, de pouco mais de R$ 3 bilhões.

O Instituto FSB Pesquisa, responsável pelo levantamento do BTG, entrevistou, por telefone, 2.000 eleitores com idade a partir de 16 anos, nas 27 unidades da federação. 

A pesquisa da CNT foi realizada com 2.002 entrevistados em 137 municípios, entre os dias 12 e 15 de setembro, e foi registrada no TSE com o número BR-04362/2018.

Com Reuters

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