Metade dos eleitores prefere ser autônomo a ter emprego CLT, diz Datafolha

Preferência aumenta conforme escolaridade e renda mensal do trabalhador são maiores

Anaïs Fernandes
São Paulo

Metade dos eleitores brasileiros afirma preferir ser autônomo, com salários mais altos e pagando menos impostos, ainda que sem benefícios trabalhistas, aponta pesquisa do Datafolha.

Os que disseram preferir trabalhar nessa situação somaram 50%, enquanto aqueles que responderam preferir atuar como assalariado registrado, pagando mais tributo, mas com benefícios trabalhistas, somaram 43%.

Outros 7% não opinaram.

O trabalhador com carteira assinada tem direito a benefícios como 13º salário e férias remuneradas, mas também deduções, como a contribuição mensal ao INSS, de 8% a 11%, dependendo do salário. A empresa, além de também recolher a contribuição previdenciária equivalente a 20% da folha de pagamento, precisa efetuar o recolhimento ao FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) do funcionário, equivalente a 8% de seu salário bruto.

O trabalho autônomo foi regulamentado pela nova lei trabalhista, em vigor desde novembro do ano passado.

No recorte por grau de instrução e por renda familiar mensal, a preferência por ser autônomo cresce conforme aumenta a escolaridade e a renda mensal do entrevistado. 

Em relação às faixas etárias, a modalidade de autônomo também predomina, exceto na faixa entre 45 e 59 anos, em que as duas formas de contratação aparecem com 47% cada.

A pesquisa mostra ainda que a preferência por uma vaga CLT só predomina entre os indivíduos que se declaram pretos —48%, contra 45% que preferem ser autônomos—, na comparação com autodeclarados brancos, pardos, amarelos e indígenas.

A taxa de preferência por ser autônomo é mais alta entre os que atualmente já atuam na modalidade (69%), os profissionais liberais (73%) e os empresários (74%). 

Por outro lado, a preferência por ser CLT é maior entre os que já são assalariados registrados (55%) e os desempregados que estão procurando emprego (53%). O desempregado que não está em busca de uma recolação —ou seja, que está no chamado desalento— fica dividido, com 46% da preferência por cada modalidade.

O contingente de pessoas que desistiram de buscar uma colocação somava 4,818 milhões no trimestre encerrado em julho, número recorde para a pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) iniciada em 2012.

A taxa de desemprego no país ficou em 12,3% no período, abaixo do verificado no trimestre encerrado em abril, quando esteve em 12,9%, ainda segundo o IBGE.

 

Quem ainda está iniciando a vida profissional ou pode entrar na PEA (População Economicamente Ativa) futuramente tende a preferir um emprego com carteira, como no caso de estagiários/aprendizes (49%) e estudantes (53%), de acordo com o Datafolha.

Quando analisadas as respostas dos entrevistados de acordo com sua intenção de voto para presidente, considerando os cinco candidatos com melhor posição na última pesquisa Datafolha, os eleitores de Jair Bolsonaro (PSL) são os que têm preferência maior por serem autônomos (60%).

Já os que se dizem eleitores de Ciro Gomes (PDT) registraram a maior taxa de opção pelo emprego CLT (51%).

O levantamento do Datafolha, feito nos dias 18 e 19 de setembro de 2018, realizou 8.601 entrevistas presenciais com eleitores, em 323 municípios, de todas as regiões do país. A margem de erro máxima é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, para o total da amostra.

A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral com o número BR-06919/2018.

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