Google encobriu denúncia de assédio sexual contra criador do Android, diz jornal

Segundo o The New York Times, executivo deixou a empresa com bonificação de US$ 90 milhões

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São Paulo

O Google teria encoberto caso de assédio sexual envolvendo o executivo Andy Rubin, criador do sistema operacional Android, de acordo com reportagem do jornal The New York Times.

De acordo com a publicação, a saída de Rubin da companhia, em 2014, ocorreu após funcionária da empresa ter acusado o executivo de forçá-la a fazer sexo oral nele em um hotel em 2013.

A informação foi confirmada ao jornal por dois executivos que falaram sob condição de anonimato.

 
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Andy Rubin, considerado o pai do Android, em sua casa na Califórnia - New York Times

Após notificar Rubin da denúncia, Larry Page, um dos fundadores do Google, pediu que ele renunciasse a seu cargo na companhia.

Como bonificação ao executivo, a companhia americana ofereceu uma bonificação de US$ 90 milhões (cerca de R$ 330 milhões), paga em prestações mensais durante quatro anos —a última está prevista para o próximo mês. 

Sam Singer, porta-voz de Andy Rubin, negou ao The New York Times as acusações de assédio. Segundo ele, Rubin deixou a companhia por decisão própria.

Segundo a reportagem do The New York Times, Rubin é um dos três executivos do alto escalão da empresa que foram protegidos após acusações de condutas inapropriadas do gênero.

Em outro caso identificado pela publicação, o executivo deixou a empresa, recebendo indenização milionária. No terceiro caso, o executivo segue na empresa e galgou posições mais altas.

Amit Singhal, que foi o vice-presidente de buscas, recebeu milhões para deixar a companhia sem alarde em 2015, tendo como compromisso não trabalhar em rival do Google.

Ele foi acusado de, alcoolizado, ter apalpado uma funcionária em um evento no qual estavam presente dezenas de outros profissionais da empresa.

No terceiro dos casos, envolvendo David C. Drummond, o jornal afirma que o executivo manteve caso extraconjugal com Jennifer Blakely, subordinada sua no departamento jurídico, entre 2004 e 2007. O caso veio a público quando os dois tiveram um filho.

Nesse momento, a companhia informou a ela que desencorajava relacionamentos entre chefes e subordinados e disse que um dos dois deveriam mudar de áreas, o que coube a Blakely. 

Ela foi para o departamento de vendas e deixou a companhia em 2008. Ao jornal, ela disse que seu caso indica que, para um grupo seleto, condutas inapropriadas não trazem consequências.

Drummond é atualmente o responsável pelos assuntos jurídicos da Alphabet, holding que controla o Google, e responsável pelo conselho de administração do Google Ventures, braço de investimentos em novos negócios da companhia.

Eileen Naughton, vice-presidente de recursos humanos do Google, disse ao jornal que a empresa leva casos de assédio sexual e investiga todas as denúncias e tem tomado ações duras em casos envolvendo conduta inapropriada de pessoas em posições de autoridade.

Em resposta à reportagem, Sundar Pichai, presidente-executivo do Google, enviou uma carta aos funcionários da empresa em que afirma que a companhia demitiu 48 executivos nos últimos dois anos como resultado de denúncias de assédio sexual. 

Na mensagem, ele reiterou que a empresa leva esses casos a sério e investiga todos eles.

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