Itaú sugere investimentos pós-eleição e clientes veem apoio a Bolsonaro

Banco nega viés político e afirma que orientação tem base técnica

Tássia Kastner
São Paulo

O Itaú enviou a correntistas, após a confirmação da eleição de Jair Bolsonaro (PSL), um email em que desenhava um cenário positivo para a economia e recomendava o investimento no mercado de ações. O texto gerou críticas em redes sociais e ameaças de encerramento de contas.

No texto, o banco afirma que Bolsonaro “consolidou a sua caminhada ao Palácio do Planalto com uma plataforma conservadora nos costumes, mas liberal em suas propostas econômicas” e defende que, apesar da posse ocorrer apenas em 1º de janeiro, “o ponto de partida nos parece muito favorável”.

“Diante desse cenário, é o momento de priorizar investimentos em Bolsa. Além da confiança na economia, nossos analistas projetam um bom desempenho no mercado de ações local”.

Agência do Itaú, na avenida Paulista, em São Paulo
Agência do Itaú, na avenida Paulista, em São Paulo - Luiza Sigulem/Folhapress

Segundo mensagens publicadas nas redes, receberam a mensagem clientes de segmentos de alta renda (Uniclass e Personnalité) e a sugestão foi de alocação em fundos multimercado. Críticos do email consideraram que, no texto, o Itaú demonstrou apoio político ao presidente eleito.

No Twitter, o banco respondeu que o email era uma análise do atual cenário político-econômico com recomendações de investimentos.

“Nosso objetivo com esse comunicado foi o de reforçar que, a partir do cenário eleitoral definido, temos o papel de orientar nossos clientes sobre temas que possam impactar seus investimentos, sempre com base em argumentações técnicas”, escreveu o banco.

O Itaú acrescentou ainda que lamentava não ter sido claro e objetivo ao transmitir essa mensagem. O texto é semelhante ao enviado à Folha.

A clientes que procuraram o banco para questionar a mensagem, o banco enviou outra mensagem. Nesta, dizia que durante toda a campanha, o Itaú foi alvo de diversas especulações a respeito de seu suposto posicionamento político, mas que é apartidário.

“O banco, mais uma vez, esclarece que é uma empresa apartidária e não apoia nem apoiou nenhum(a) candidato(a) a cargos eletivos.”

Durante a eleição de 2014, o Santander disparou a um grupo de clientes de alta renda um relatório em que classificava a reeleição da então presidente Dilma Rousseff (PT) como um risco para a economia do país.

À época, o governo acusou o banco de terrorismo eleitoral, e o Santander demitiu funcionários envolvidos no caso, incluindo Sinara Figueiredo, que era superintendente do segmento do banco que disparou o email.

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