Bolsa cai 2,5% e dólar fecha acima de R$ 3,90

Cenário reflete receio com desaceleração da economia global

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São Paulo | Reuters

A Bolsa brasileira caiu 2,5% nesta segunda-feira, em meio a um noticiário externo desfavorável, com apreensões principalmente sobre o crescimento econômico global minando o sentimento de investidores e endossando redução de exposição a risco em mercados emergentes. O dólar também avançou e fechou acima dos R$ 3,90.

O Ibovespa, principal índice acionário do país, caiu a 85.914,71 pontos, na mínima da sessão. O giro financeiro somou 12,4 bilhões de reais, 14% abaixo do volume médio mensal.

A sessão começou com a repercussão de dados mais fracos do comércio exterior chinês e teve ainda renúncia do titular da autoridade monetária na Índia, adiamento da votação do acordo do Brexit no Parlamento britânico e o presidente francês decretando estado de urgência econômica e social no país.

"Não se trata apenas do Brexit, do conflito sobre orçamento Itália-UE e da tensão comercial China-EUA", afirmou no Twitter Mohamed A. El-Erian, conselheiro econômico chefe na Allianz.

"A renúncia do presidente do banco central da Índia e a reviravolta política do presidente da França, (Emmanuel) Macron, são mais indicações de até que ponto a política está impactando os mercados e a economia", afirmou.

As Bolsas americanas, que recuaram quase 2% no começo da sessão, inverteram o sinal ao final do pregão e fecharam com leve alta.

"O mercado parece bem frágil nesse fim de ano", disse o gestor de portfólio de uma gestora de recursos em São Paulo.

Após um ano de fortes ganhos na bolsa paulista, principalmente no período próximo das eleições e com forte participação de investidores locais, profissionais do mercado também consideram ser razoável que fundos reduzam posições mais otimistas diante de uma piora nos mercados externos.

Mesmo com a queda nesta sessão, o Ibovespa ainda acumula alta de 12,45%.

Já o dólar avançou 0,69% e fechou a R$ 3,9180. Foi a quinta alta seguida da moeda americana.

"Dado que não temos muito o que esperar no curto prazo (no mercado local), estamos ligados ao externo. E não acredito que o investidor esteja colocando muito prêmio", disse o operador de câmbio da corretora H.Commcor Cleber Alessie Machado ao destacar que pontos importantes, como a reforma da Previdência, só devem ocorrer no próximo ano.

"O único fato mais relevante e capaz de garantir um eventual rali até o fim do ano seria um Federal Reserve sendo ainda mais claro em sua leitura de desaceleração do ritmo de aperto monetário atual", acrescentou ao citar o encontro de política monetária do banco central dos Estados Unidos nos dias 18 e 19 de dezembro.

Após discursos recentes de autoridades da instituição sobre proximidade da taxa de juros neutra, há expectativa de que o Fed sinalize o fim do ciclo de aperto monetário.

"A taxa de câmbio brasileira passou de R$/US$ 3,70 para R$/US$ 3,90. A principal razão para essa desvalorização foi o cenário externo, ainda bastante preocupante no âmbito do crescimento da economia mundial", escreveu a SulAmérica Investimentos sobre o Brasil.

Internamente, o foco estava voltado para as denúncias envolvendo Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador eleito e filho do presidente eleito Jair Bolsonaro, Flávio Bolsonaro, que podem impactar o futuro governo.

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